Essa é a transcrição do podcast “Episódio 1 – Product Market Fit e Comunidade com Marcell Almeida” . O link para ouvi-lo está no final desse conteúdo.
No nosso primeiro episódio batemos um papo, dos bons, com o grande Marcell Almeida. Ele que é fundador da PM3, Product Camp e Product Starter, trabalhou com produto na Catho, além, também, de liderar o Lab de Inovação.
Nessa conversa Marcell contou um pouco da sua trajetória, suas experiências, o que deu certo e o que não deu, e falou também sobre Product Market Fit e a comunidade de produto brasileira.
Desde o início, com um primeiro exit aos 15 anos, isso mesmo, até experiências e lançamentos de produtos que viraram cases de sucesso no mercado e são referências até hoje.
Além da sua história, também vamos conhecer um pouco das suas preferências e recomendações para quem já está ou pretende ingressar na carreira de produto.
Nos acompanhe até o final! Essa é uma aula e tanto para quem quer, ou já está no mercado.
A: Senhoras e senhores sejam muito bem-vindos ao primeiro episódio do Product Backstage. Esse podcast que felizmente, ou infelizmente, é hosteado por mim, Alexandre Spengler, tem como objetivo que a gente tenha entrevistas, one-on-ones, com os PMs que estão por trás aí dos melhores produtos do Brasil. E logo nessa estreia, que é muito especial para mim, não só porque obviamente é o primeiro episódio, mas também porque eu estou entrevistando aqui o Marcell Almeida. O Marcell que hoje é PM aqui no Lab de inovação da Catho, mas também é uma das figuras aí mais importantes e influentes da comunidade de produto brasileira, e hoje o papo vai ser com ele. Marcell, muito obrigado por aceitar o meu convite e, principalmente, por ter aceitado ser cobaia aqui nesse primeiro experimento.
M: Legal, legal, o prazer é meu, estou super feliz de finalmente ver um primeiro podcast de produto no Brasil. Sensacional, muito bom!
A: Muito obrigado, cara! Cara, para gente começar a esquentar nossa conversa aqui, queria que você contasse um pouquinho da tua trajetória. O que você está fazendo hoje e como é que você chegou até aqui?
M: Legal! Cara, eu vou tentar resumir bastante porque só depois de muito tempo, como Steve Jobs fala, né? Você consegue conectar os pontos. Eu consegui ver como eu cheguei aqui e muitas vezes eu achava que era sem querer. Claro, teve um pouco de sorte, mas também teve um pouco de dedicação e enfim… Então assim, desde o colégio, acho que desde os 12 anos mais ou menos, ou até antes, eu fazia site. Eu fazia site, ia lá, mexia no UOL site, squit.net, enfim… hpg, uns negócios lá antigo, e fazia também por fora, e com isso eu fui fazendo vários sites, todos deram muito errado, e aí eu cheguei a ter um site de pirataria. Assim, eu não vou falar os outros, mas eu vou falar só do de pirataria. Eu tinha um site de pirataria e na época a gente… Cara, estava bombando, era muito grande o site. Aí obviamente, os servidores se tornaram mais eficientes em pegar a pirataria e tiraram a gente de lá, e derrubaram o nosso… Tinha tudo pirata, tinha jogo, tinha filme, uma série de coisas. Só que aí depois eu fiz um hackzinho, “mó” besta, que era: ok, eu mudo o nome do arquivo para .jpg, zipo e aí coloco lá. Aí funcionou por mais um ano e depois deu pau de novo. Aí eu falei: Putz, não dá mais. Esse site virou um blog, eu tinha 15 anos, esse site virou um blog, de tudo, tinha uma série de coisas lá, e aí eu comecei a aprender muito sobre SEO mesmo, para melhorar esse próprio site, eu fiz vários cursos e tal, e tive um grande apoio da família também para me ajudar com esses cursos, por isso que eu digo que não é só sorte e tudo… A parte da família é sorte, mas tem um pouco da dedicação, enfim… Tem uma série de fatores. E aí a gente conseguiu ranquear muito bem SEO, e aí o nome do site era o mesmo nome de um e-commerce, e esse e-commerce nunca era ranqueado nas primeiras 10 páginas do Google, era só o meu blog cheio de besteira. Aí esse e-commerce comprou o site. Eu tinha 15 anos, cara, e foi nossa… Uau! E logo depois, assim… Eles mataram o site, óbvio, mas por mim foda-se, né? Tudo bem! Não tinha nenhum problema.
A: Fez o primeiro exit com 15 anos.
M: É… Exit, exit… Não foi exit! Foi uma graninha, mas foi legal, foi divertido. E aí depois disso eu fiz várias outras coisas que não deram muito certo. Eu tive um blog de meme… Esse blog de meme deu muito certo, chegou uma época que a gente ganhava R$ 600,00 por dia. Era eu e um outro cara, eu estava na faculdade, a gente fazia meme e era gigante… Porra, era incrível!
A: E vocês vendiam meme?
M: Não, a gente… Cara, a gente fazia meme, botava no blog e divulgava no Facebook e tinha muito acesso o blog, aí a gente ganhava com Ads. Então, a gente tinha o lomadee, o box… Ainda existia o box nessa época, e o Google Ads, o Google Ads a gente ganhava uma grana aí. É… E a gente fazia uns hack também, Blackhat total. Então, você tinha o botão de like do Facebook, do post, só que a gente colocava o botão… Era um iframe do botão de like da página do Facebook, então as pessoas achavam que estavam curtindo o post, mas elas estavam curtindo a página, então elas ficavam com os seguidores da página e a gente aumentava o nosso reach para caramba, então a gente cresceu muito assim, surreal! É… Enfim… Isso tem já mais de 10 anos. E aí tive outras iniciativas que não deram muito certo, uma delas chamava “aplicativo do dia”, alguém já deve ter usado… Não era o meu, não era o meu, o nosso era uma cópia. A gente foi completamente errado, a gente foi para o segmento web, para o cara poder baixar app, a gente não conseguia fazer parceria porque a ideia era dar um aplicativo premium de graça por dia, e não tinha atração nenhuma, e quando tinha um tal de app of the day, que era o que a gente estava copiando, que era um app que você baixava de fato e ele não dava um push, e fazia mais sentido, enfim… Essa e uma outra sequência de coisas que não deram certo. E eu não sabia o que era o produto, chegando na resposta, desculpa! Eu… Demorei muito, mas… Chegando na resposta. Eu não sabia o que era produto, simplesmente fazia coisas digitais e queria ver o negócio crescendo. E aí, por uma oportunidade de um amigo ter falado: Cara, vem para São Paulo para… Eu morava em Belém, né? E ele falou: vem para São Paulo que eu acho que tem mais vagas aqui legais para ti. Eu ia fazer mestrado, aí ele falou: Cara não faz isso, não tem nada a ver contigo. Mas era o que as pessoas de Belém recomendam você fazer…
A: Tu nasceu em Belém?
M: Nasci em Belém, é! Então as pessoas de Belém falam: Cara, se forma, faz mestrado e tal, faz um concurso para ser professor na faculdades e é isso, ou faz um concurso para ser concursado em Belém, esse é o destino de 90% ou mais de pessoas de Belém. Aí, eu falei: Putz, tá bom, então eu vou aí. Aí eu vim e em uma semana consegui uma entrevista no easytaxi, me ligaram no dia seguinte e falaram: Cara, vem trabalhar aqui, você é o cara de produto muito bom. E eu falei… Obviamente que eu não falei “eu não sei o que é isso”, mas eu falei… Beleza, eu vou! E na época, eu vim… Eles me entrevistaram para uma vaga de analista de negócios e eu virei produto, mas porque eles acharam que eu tinha o perfil: Nossa você tem super o perfil, tu já criou vários produtos, vai lá… Aí beleza, então bora!
Então foi assim, eu caí de paraquedas, então… E aí hoje eu conecto… Cara, eu sempre soube fazer produto, só que eu não tinha teoria… E quando eu entrei no mercado de trabalho, eu realmente consegui aprimorar as minhas habilidades.
A: Muito legal, cara! E depois da easy, tu passou por outras empresas como PM também?
M: Sim, sim, passei! Na easy eu cuidei de um produto B2B, que era o easytaxi corporate, depois eu cuidei um certo período do app do motorista, que a gente na época nem tinha cobrança de… Hoje você sai do carro e não fala nada. Antes você tinha que confirmar, colocar um PIN, um código, era muito complexo, aí eu cuidei do produto que tirava essa complexidade e deixava realmente automático. Depois disso eu fui empreender, então montei uma startup chamada “Grana”, junto com meu sócio, que era uma espécie de grafbolsa para finanças pessoais, e a gente… Putz… Conseguiu 100 mil usuários, a gente tinha muita atração, mas a gente não conseguia monetizar, a gente não conseguiu levantar dinheiro, então eu acabei saindo, ele seguiu por mais um tempo, mas morreu já a startup. Depois eu fui para o Viva Real, lá eu cuidei de muitos produtos. Eu entrei como ferramenta interna, depois eu mudei para um produto chamado Virtual City, onde a gente mapeava o mercado imobiliário. Eu fazia um negócio com dados, a gente até lançou uma feature que hoje até é bastante usada com muita gente, que é a “Página de Condomínio”, então você consegue ver o preço de todos os imóveis daquele prédio que estão à venda ou que estão para ser alugado, você consegue comparar, bem legal. Essa é uma das features que eu mais me orgulho de ter lançado. Aí depois eu cuidei do website do Viva Real, então lá eu aprendi a fazer muita otimização de teste A/B. Eu não consigo nem dizer muito, porque foi realmente num nível bem hard em teste A/B, bem aprofundado, a gente saiu com vários cases legais de lá, tanto de insucesso quanto de sucesso.
A: Os aprendizados de SEO lá do teu site de…
M: Não ajudaram tanto não, cara. Eu diria até que eu estou super desatualizado em SEO, para ser bem sincero. Eu sei, obviamente, o básico. Putz, metatags, os keywords, eu sei como organizar, mas tem tanta coisa nova no algoritmo do ranking do Google que… Eu não estou atualizado, não fiquei me atualizando. Eu foquei mais em… Tinha um time de growth e o meu time cuidava mais de otimização de funil mesmo, tipo de filtro, como aumentar engajamento com uso de imagens, era mais nessa pegada.
Depois eu fui para a Intuit. Na Intuit eu cuidei de um produto aqui no Brasil mesmo, na parte do mobil, do zero paper, que a Intuit comprou e virou Quick Books, mas lá eu passei pouco tempo, eu fiquei só 6 meses, e eu falo isso até abertamente, como é uma empresa muito grande, tem mais de 10 mil funcionários, a gente tinha muita dependência dos EUA, e essa falta de dinâmica me deixava um pouco… “Putz, eu estou acostumado a outros ambientes” e aí eu acabei saindo, daí hoje eu estou na Catho, liderando o laboratório de Inovação da Catho, a gente está criando um produto, como se fosse uma business unit separada. Então, a gente tem uma estrutura de vendas, uma estrutura de customer success, a gente tem engenheiros tudo alocado aqui, separado em outro escritório, então para mim foi bem legal, porque eu consigo colocar a experiência empreendedora junto com produto, tem sido um desafio legal.
A: Legal! Eu acho que tu já falou um pouco sobre isso, mas tu nota grandes diferenças entre o papel de PM que tu teve desde a easy e na Real, enfim, na Intuit e Catho. É muito diferente esse papel de PM de uma empresa para outra? Ou não? Tu achou que é muito parecido. Como tu vê isso?
M: Cara, é muito diferente! E eu acho que isso tem muito a ver com a gestão da empresa também e com o tipo de autonomia que elas dão para as pessoas de produto. Então, no easytaxi mudou muito, né? O tempo que eu passei lá… A cultura de produto mesmo mudou, então, quando a gente entrou, todo mundo de produto era muito mais PO e muito menos estratégico, a estratégia já vinha de cima e a gente executava. Naturalmente com o tempo, conforme a gente foi ganhando mais experiência do negócio, a gente conseguiu subir e levar algumas possibilidades estratégicas, mas ainda assim, era um ambiente que a gente não tinha muita voz. Tudo bem que em 2014, o próprio status já mudou, já foi comprada, então muita coisa muda. No Viva Real já era outra coisa, quando eu fui para lá, para mim realmente foi um… Eu diria que foi onde eu mais aprendi, principalmente sobre cultura e sobre como é a autonomia, como é transparência. Lá a gente tinha uma autonomia enorme em estratégia, inclusive a gente era incentivado a puxar muitas coisas, e tiveram várias features, essa do condomínio, por exemplo, eu lembro que eu puxei, eu falei: Putz, eu tenho essa dor e é legal quando é produto B2C, né? Eu tenho essa dor, muita gente tem e vamos priorizar. Eu chamei o PI, chamei o Head e o X, chamei uma galera e falei… Pow, vamos fazer isso daqui? Vamos! A gente pegou e fez e… Tem tudo a ver com a estratégia da empresa que era ajudar as pessoas a degustarem preços melhores também, faz parte da necessidade para elas alugarem ou comprarem imóveis. Então, muda muito. E posso dizer que hoje aqui na Catho, o meu papel nem é de PM direito, o meu papel é mais empreendedor do que produto. Eu estou até hoje treinando uma pessoa para ver se ela migra para a área de produto, ela está no Lab, eu estou treinando ela, porque o que eu menos faço é papel de produto, hoje eu faço… Tem que fazer relatório financeiro todo mês, porque a gente têm custos diferentes aqui. Eu tenho que fazer one-on-one com engenheiro, com a pessoa de vendas, com o customer success, com o recrutamento… Que PM não faz, PM não gerencia ninguém. Então, eu acho que já estou num escopo que até sai e vai um pouco além de PM. Eu aplico o que eu sei de produto, quando dá tempo, mas não é igual. E eu posso dizer assim, pelo que eu já conversei com as pessoas e vocês vão ver nos próximos episódios provavelmente, é que é muito diferente. E eu diria que o papel do PM tem muito a ver com a gestão. Porque se você tem uma gestão curto prazista, que só olha para retorno financeiro, você vai ter vários PMs que vão estar fazendo isso. Se você tem uma gestão que olha muito para a visão, para longo prazo, você vai ter PMs trabalhando nisso. Então, isso meio que… É impressionante, parece que fica no ar assim…
A: Valeu! Eu acho que tem muita influência da cultura da empresa também. Eu sempre quando falo nesse assunto, eu sempre cito, tem um blog post do David Cancel, que é ex VP de produto da Hubspot, hoje ele é CEO da Drift. E ele tem um blog post que ele fala que: PM é um bicho tão diferente entre uma empresa e outra, que ele vai no extremo, ele fala: Vale muito mais a pena tu criar esses PMs dentro de casa, do que somente ficar contratando. Porque não necessariamente um cara que é muito bom para uma empresa, ele vai ser bom também na outra, dada essas diferenças enormes de cultura e do que significa ser um PM para cada empresa. Eu sei que é um pouco extremista, mas eu vi um pouco na RD das duas coisas, de criar gente do zero e de contratar gente de mercado, e inevitavelmente, quem vem de mercado, sempre tem um período de adaptação… Estou vivendo um pouco disso agora também, sempre tem um período de adaptação de dizer : Putz, aqui o PM faz coisas diferentes e, eventualmente, você não vai se encaixar naquilo que eu acho que é um pouco do que você viveu na Intuit, por exemplo, de talvez não valha pena essa transição.
M: É! E assim… não era para mim. E outra, tem várias pessoas de produto incríveis lá, tanto no Brasil quanto fora, mas simplesmente é outro perfil. E não é demérito, se a gente parar para pensar, tem um conceito que fala: Tem três perfis de PM, o tunner, o builder e o inovator… Cara, dá para ter os três perfis na mesma empresa, dependendo do squad ou da tribo que você entra, assim como, dependendo do momento, só tenha um perfil. Às vezes, a empresa está num momento que por otimização, todo mundo é tunner e vai embora… Cara, eu não sou um tunner, então assim… Eu nem comentei, mas o motivo principal do qual eu saí do Viva Real foi: Eu estava fazendo muito tunning de teste A/B e cansei, foram 6 meses legais, aprendi para caramba, mas não quero, não quero ficar alterando filtro, otimizando tamanho de imagem, otimizando page speed. Legal! Eu sei fazer? Sim! Tem valor para o negócio… Pra cacete! É o que mais traz retorno, na hora, mas não me dá aquele brilho nos olhos, sabe? Então, acho que é momento e contexto que você entra na empresa também.
A: Legal! E, hoje, inclusive o teu cargo é de empreendedor dentro da Catho, né? Qual o nome bonito que vocês dão para isso?
M: Cara, é Entrepreneurs in Residence. Mas no papel não é isso, no papel é equivalente a um PM Senior, ou um GPM como algumas empresas chamam, mas meu escopo é completamente diferente. Então, até na ladder fica destoante, porque não existe um cargo formal, então me colocaram em um aí… Então beleza! É isso! Não tem problema!
A: Legal! Show de bola! E cara, aqui na Catho, dentro dessa posição, de estar quase que empreendendo dentro da Catho mesmo, eu imagino que tu lide muito com product market fit, assim, né? E se isso for verdade, que aprendizados que tu tirou disso? O que tu acha que pode passar aí para o pessoal que está escutando a gente de aprendizado mesmo, de product market fit?
M: Legal! Cara, eu acho que a gente ainda está em validação do produto que a gente está criando, está longe de estar com market fit, mas eu diria que a gente tem um sollution fit. Eu acho que o principal aprendizado é: Como que você… Porque tipo assim, tem 2 formas, uma você… Tipo o Grana, lá… A gente tinha market fit, total! A gente tinha 100 mil usuários ativos, era bizarro o engajamento, mas a gente não tinha receita, a gente não conseguia se pagar. Então, a gente tinha um sollituin fit e market fit. No nosso caso aqui, o produto que a gente está criando, a gente já viu que ele existe no mercado, existem muitas empresas, só que a gente quer fazer uma abordagem diferente. Então a gente teve que testar solução mesmo, com muitos detalhes. Como é que a gente vai se diferenciar criando essa solução? E aí nessa hora de definir como você testa a solução que é o mais crítico, para você não passar 6 meses desenvolvendo… Então até 3 meses atrás, aqui, a gente tinha um dev só, que era basicamente eu, um dev, um X, e a gente botou uma pessoa de sales para dar um gás, mas era a gente fazendo discovery. Então, se você pensar é um squad mínimo fazendo discovery. Então, a gente fazia o que: Entrevista com o cliente, no B2B, a gente fazia validação de protótipo de papel, e eu acho que isso é um puta diferencial, e para mim assim… Não foi um aprendizado! Que eu já… É… acho que isso foi um dos grandes aprendizados. Que assim, muita gente fala de validação como só prototipagem e entrevista. Você valida fazendo prototipagem e entrevista… Cara, tem um tipo de validação que as pessoas falam pouco que é com código, e às vezes é um código super dumb que o cara fazia em 1 hora, ou até você PM, dependendo se você conhece muita coisa, você faz em 1 hora também. Então, você pode integrar com zapier, Google Sheets, enfim, tem mil formas de você validar com código, com tecnologia, e não é só entrevista e só prototipagem. Então, eu diria que a principal lição é: tente pensar como validar com a forma mais eficiente possível, independente de qual ferramenta você usa, se é tecnologia, se é prototipagem, ou se é entrevista. A mais eficiente! Pow, talvez durar 4 dias a mais para validar, vale a pena, porque você vai ter mais confiança, e aí acho que o grande aprendizado é: Depois que você valida um experimento, você não quer dizer que está validado sua grande hipótese de produto, você tem que rodar mais 200 experimentos para continuar seguindo, por isso que você tem que pensar numa forma mais eficiente. Qual desses testes eu vou ter mais confiança, quando eu validar ou invalidar a hipótese, para eu poder seguir para a próxima? Balancear… Isso é bem difícil, porque as vezes é tanta coisa acontecendo que você se perde um pouco, mas acho que a maior lição é essa mesmo.
A: Legal! Eu acho que… A gente até estava batendo um papo aqui antes da gente começar a gravar, e eu acho que uma das coisas que para mim vem muito quando fala de product market fit é essa fase de validação. É muito nessa linha de: Cara, acho… Tem uma troca um pouco de mindset aí, de quando você sai, principalmente quando você está migrando, às vezes, de um produto bem consolidado, e você vai entrar numa fase que ela é de prova de mercado mesmo, eu acho que o mindset não pode ser o mesmo, né? Um exemplo de… Putz… Nesse momento eu não tenho que estar tão preocupado assim com… Eventualmente, da performance, dependendo do produto que eu estou fazendo, mas cara, como é que isso aqui vai escalar para 1 milhão, 10 milhões de clientes? Que putz… Tu não está nem com 50 usuários ali naquele momento, tu precisa validar, enfim… Realmente olhar para mercado e olhar para produto, para ver se realmente está sendo validade. Tu notou, para ti, alguma troca? Tu teve alguma dificuldade nessa troca de mindset? Ou pelo teu histórico já… Porque tu tem muita cosia de empreendedor no teu histórico, isso já estava no sangue, assim, quando tu entrou nesse desafio?
M: Não, assim, confesso que para mim não foi um problema. Inclusive, não acho ruim a gente ter poucos usuários no começo, acho até bom, porque a gente pode errar mais, e aí o impacto no negócio é menor. Então, não foi problema, porque assim, no caso do “Grana”, lá… Que o termo do usuário foi bem impactante. A gente começou despretensioso, tinha 50 pessoas usando, por um acaso a gente foi um dos primeiros app, aliás, foi o primeiro app no Brasil e de finanças no mundo a ter material design. Então cara, a gente teve mídia no mundo inteiro, e foi bizarro! Então isso na verdade atrapalhou a gente, porque aí a gente entrou numa série de coisas… Colocou um salto alto de que a gente era fodão. A gente, putz… A gente ficou com tantos… Como a gente escalou sem querer, a gente ficou com tantos perfis de pessoas diferentes, que a gente não sabia para onde ir, isso atrapalhou a gente também. Então quando você vai devagar, você consegue escolher qual segmento você quer testar, e é isso que a gente está fazendo aqui. Então, a gente está escolhendo um segmento específico de empresa para vender um tipo específico de produto, e a gente testa isso. Cara, não deu certo, beleza! Pivota o canal. Na hora que você pivota o canal, isso é um bom aprendizado também, na hora que você pivota o canal, possivelmente você vai pivotar boa parte do produto, senão ele todo. Então, é isso que a gente tem feito direto até a gente achar um bom canal, que tenha uma boa solução e que a gente veja: Putz, dá para escalar. Então, esse é o grande desafio e eu acho que é melhor você fazer com calma, sem querer acelerar a escala, sem controle. No caso do “Grana” é curioso porque… A gente conseguiu a mídia internacional, então a gente tinha gente na Colômbia usando, gente na Inglaterra, aí a gente tinha o app em português e inglês, e tinha uma ferramenta chamada onesky, que você podia entrar lá e traduzir o app para a gente e depois a gente aprovava, tinha alemão traduzindo, gente traduzindo para espanhol… Ele falou: Nossa, a gente é incrível… A gente mudou a estratégia. Aí o cara: Vamos tentar internacional. Cara, quando a gente mudou para ser “internacional”, a gente ficou louco, a gente não tinha prioridade de nada, eram duas pessoas, então assim… O máximo possível se você puder segurar a escala, o B2B é mais fácil, o B2C nas empresas as coisas saem do controle e podem atrapalhar, então o ideal é: se você está num B2C e saiu do controle, foca no segmento que você já definiu previamente e, se você não definiu, corre para definir logo. No “Grana”, a gente não tinha isso daí definido, a gente queria todo mundo, enfim… Era imaturidade também, até no nosso momento lá.
A: É… Acho que foco faz muita diferença também, né? E identificar o que às vezes é ruído. Porque, às vezes, beleza, eu tive uma exposição aqui que foi natural, foi espontânea e dificilmente eu vou conseguir replicar isso aqui, e de repente eu estou assumindo que isso é uma verde, por exemplo, e começa a tunna um produto para isso e daí…
M: Nem passava, no nosso caso lá a gente tinha uma taxa de retenção maior que a do mercado global, mas a gente não conseguia monetizar, aí tipo quem pagava eram os gringos, os gringos pagavam, mas a maior base de usuário ainda era brasileira, então a base não pagava. E a gente queria que pagasse, e aí ficava: A gente vai priorizar os gringos que é menor? Ou vai ficar com o Brasil que é maior e não paga? A gente ficava nesse negócio e não avançava.
A: Show! Cara, trocando um pouco de assunto, porque falar contigo e não falar de comunidade não vale, né? Então deixa eu começar de leve aqui… Cara, PM3, o que é? Para quem eventualmente não conhece, né? E de onde surgiu essa ideia, conta um pouco sobre isso.
M: Está bom! Legal! A PM3 hoje é um curso online de produto. Então, se você entrar cursospm3.br você vai ver lá o nosso curso online de product management, é um curso de mais de 40 horas e tem alguns conteúdos extras, isso vai dar mais de 50 horas. Iniciou como um curso de product manager, e a gente já está conversando para lançar outros cursos, a gente não sabe ainda qual vai ser o curso, mas vai ser algo na linha de produto ainda. Então, a gente quer focar em trazer conteúdo para subir a barra da área de produto e tecnologia do Brasil como um todo. E assim, a PM3 surgiu de uma forma engraçada. Eu estava saindo do Viva Real e aí eu trabalhava com o Dan lá, e aí uma das coisas que a gente teve muita dificuldade… Já existia essa dificuldade, mas eu consegui ver mais de perto. A gente precisava contratar alguém para o meu lugar lá e, cara, eu saí de lá e a gente não tinha contratado ainda. Eu passei 30 dias, eu literalmente dei meu aviso prévio e fiquei 30 dias lá, e meu último dia a gente entregou uma ficha que era busca por mapa, foi legal, no meu último dia, foi bom! E a gente não conseguiu contratar, mas ficou por isso. Aí passaram alguns meses, e aí eu fui no Products Camp, que foi no Nubank inclusive, em 2017, e chamei o Dan para ir e ele foi. Aí no final do Products Camp ele falou: Cara, vamos fazer um negócio com essa galera aqui de produto, dá para ver que tem muita demanda, a gente tem dificuldade de contratar, como tu viu lá no teu caso, eu continuo com muita dificuldade para contratar, e acho que todo mundo tem essa dor, a gente pode ajudar educando as pessoas, ele até deu outras ideias, mas a gente gostou muito da ideia de educar, e a gente falou: Pow, beleza, vamos conversar! Ele conheceu o Bruno, que é o outro sócio, a gente foi tomar um café ali na Fred Coutinho, e a gente tomou um café e falou: Beleza, bora, bora! E assim, surgiu como um side business, do tipo… O foco do todo mundo era: Galera, a gente não quer ficar full time, então tem que ser online, a gente quer online porque não dá dor de cabeça operacional, assim… Dá, mas menos. A gente não tem que se locomover, e a gente pode ganhar dinheiro dormindo. E, claro, óbvio, querendo melhorar a galera de produto. E é essa a premissa. Então, assim… Às vezes até me perguntam: Por que você não está full time? Cara, não é para ser full time! Tá grande? Tá grande! Mas amanhã pode não estar. E é um side business.
A: Legal! Bom, tu tem outra iniciativa que é a Pcamp, né?
M: O Pcamp, é um filho…
A: O Pcamp! Ah tá, desculpa! Então, tu tem outra iniciativa que é o Pcamp, que é o maior evento de produto no Brasil também, acho que ano passado foi para quantos participantes?
M: 850.
A: E esse ano vai ser quantos?
M: 1000 ou mais.
A: 1000 ou mais. Show de bola! E na tua cabeça, assim, como é que se compõe essas duas coisas, a PM3 e Pcamp, tipo são duas cosias que estão juntas? Ou não? São totalmente separadas?
M: Tá, é legal… Para contextualizar assim… O Pcamp surgiu muito antes da PM3. O Pcamp surgiu em 2015, onde cara… Não que eu soubesse, existia uma etapa de produto, ou um evento de produto ou uma comunidade de produto, não existia nada. E eu falei: Pow, quero aprender com a galera que trabalha com isso também. Aí eu fiz o Pcamp, era um evento gratuito, e a ideia era que as pessoas se inscrevessem com o LinkedIn, eu olhava o LinkedIn um a um e falava, aprovado ou não aprovado. Só ia pessoas de produto, era essa a ideia. Aí rolou, foram umas 120 pessoas, foi lá no Viva Real na época, aí a segunda edição o mesmo esquema, só por convite, foi no Nubank, e aí o que aconteceu… Em 2018 eu vi um potencial assim: Dá para monetizar o evento e a gente consegue com o dinheiro crescer ainda mais, fazer um evento ainda maior, pegar um lugar profissional, tipo como foi ano passado o Frei Caneca e tal. Aí pow… Isso realmente vai ajudar a melhorar, a disseminar conteúdo, e a juntar mais as pessoas, e óbvio, não vou ser – como dizem aí – vamos ser bullshiteiro e falar: faço pelo bem, não, também vou ganhar um dinheiro, e acho justo porque dá muito trabalho.
A: Dá muito trabalho, só quem fez evento e participou de evento sabe o trampo que é esse negócio.
M: Tu sabe com o Summit né, pois é! Então, o primeiro evento pago do Pcamp foi ano passado, em 2018, que foi no Frei Caneca, e a gente fez junto com a PM3. Então, como já tinha o CNPJ da PM3, o Bruno e o Dan falaram: Cara, vamos fazer juntos e a gente vê no que dá, e se ficar bom a gente continua, senão a gente não continua, e a gente vê. A gente fez, foi superpositivo, um evento que era de 350 pessoas gratuito, foi para 850, mais do que dobrou, isso pago, lotou com lista de espera e tudo, é sensacional! Deu superlucro, foi ótimo! Só que hoje não é mais uma iniciativa junto, o que acontece? O Dan e o Bruno eles falaram: Cara, dá um mega trabalho operacional, é offline, o que foge da nossa premissa inicial de que não queremos ter trabalho operacional, queremos ficar tranquilos, então a gente não quer. E aí, hoje é uma outra empresa, um outro CNPJ e eu chamei o Farinaz para ser um dos sócios, então sou eu e ele, e a gente está tocando o camping, e a ideia é basicamente a mesma. Como agora a gente tem um pouco de caixa, então a gente está trazendo palestrantes internacionais, como a Melisse Perry, a gente está trazendo a Natalia do Booking, está trazendo a Cassy do Mixpannel. Possivelmente, ainda dá tempo para trazer mais alguém. Então, a gente está trazendo pessoas internacionais para também subir a barra e não ficar só na troca entre os brasileiros. Então, no final das contas, respondendo tua pergunta: Sim, se conecta com a PM3, porque a missão… Talvez porque eu estou lá, né? A missão seja querer subir a barra da área de produto e tecnologia, mas são de maneiras diferentes com empresas e sócios diferentes.
A: A Cassy foi exclusiva aqui, ou já tinha saído antes?
M: É, foi exclusivo, mas vocês estiverem ouvindo já vai ter saído.
A: Show! Legal cara! E qual tua visão da importância de um PM em participar de comunidade assim, estar participando de eventos e estar junto da comunidade de alguma forma?
M: Cara, acho que eu diria quem nem só para PM, eu diria para qualquer área que você seja, marketing, vendas, independente de qual você esteja trabalhando hoje. É superimportante porque primeiro, você aprende muito com a galera, então assim, você também ensina, porque você já pode ter passado pelo mesmo problema. Então, eu diria que boa parte da minha evolução como profissional foi eu iniciar essa troca em São Paulo, no Brasil, e depois começar a participar, e eu via que as pessoas estavam com sede disso, querendo ir trocar, discutir e debater, saber o que era certo e o que era errado, o que tinha funcionado e o que não tinha funcionado, e eu também queria… Isso era muito louco! Então eu diria que você que quer ou entrar na área de produto, ou aprofundar mais na área de produto. Cara… Vai se conectar com as pessoas de produto, está cheio de meetup, está cheio de evento, está cheio de curso. Vai lá e se conecta, é extremamente importante.
A: Acho que tem duas formas de participar de comunidade, né? Tem uma forma de você participar indo lá e escutando as outras pessoas e fazendo network, e tem a forma de talvez você ser mais proativo com relação a isso, e estar lá falando para a comunidade de uma forma geral. E o que eu vejo é que tem muita gente com um conteúdo superbacana, com um aprendizado superbacana, mas que por um motivo ou outro acaba não compartilhando isso, seja por medo, ou porque acha que não é relevante o suficiente. Acho que as pessoas têm muito, isso é muito normal, de achar que aquele conhecimento que tu tem, todo mundo tem. Você não perceber que por algum motivo aquele teu caminho foi único, ou nem necessariamente seja único, às vezes tem outras pessoas que também passaram por aquilo, mas as outras pessoas também não estão falando sobre isso, e ninguém compartilha aquilo só porque tu acha que todo mundo sabe e na realidade não é bem assim. Nesse segundo ponto, não necessariamente só de simplesmente ir, porque essa é a parte mais fácil, mas nesse segundo ponto, de realmente ser mais proativo e compartilhar as coisas e etc, como tu acha que alguém pode começar a fazer isso? Tu tem alguma dica para isso?
M: Cara, assim… Se você já trabalha com produto tem, por exemplo, o medium do produto IO, que é uma comunidade de produto aqui no Brasil. Então, se você entrar lá, conteudo.produto.io, você consegue submeter um artigo lá. Se não der por acaso no seu medium, você pode pedir para algum dos administradores. Então qualquer artigo de produto você consegue colocar lá, lá já tem um certo volume de leitores, então acho que é uma boa forma de expor o trabalho, acho que você também pode entrar em contato com as pessoas que organizam meetup e oferecer sua palestra. Não falar assim: Ah, vocês querem uma palestra? Não falar assim: Vocês querem uma palestra? Não! Chegar lá e falar: Vocês querem uma palestra sobre o assunto tal, título tal, as métricas são essas… Provavelmente vão acatar, porque eles estão sempre procurando pessoas para palestrar. E eu acho que o maior incentivo que você tem que buscar para isso é: Você vai deixar um legado, por menor que seja, que é o seu conhecimento ali, e outras pessoas podem, daqui a 2 anos, estarem passando pelo mesmo problema e você já ter a resposta. Isso vai ajudar muito. E, naturalmente, você ajuda a se subir a barra. Vou até dar um exemplo, a Camila Ferreira entrou um dia desses na comunidade de produto IO, no slack, e tirou uma dúvida sobre page speed de treinamento de teste A/b, que a gente estava fazendo o Google Optimize na Creditas, e aí algumas pessoas responderam, eu também respondi porque tive o mesmo problema no Viva Real, aí falei para ela: A gente resolveu desse jeito, fiz o teste A/B das ferramentas de teste A/B, e vi qual melhorava mais o page speed, mas o nosso dado é de 2017, foi quando eu fiz o teste lá, talvez a própria engenharia de cada uma dessas ferramentas talvez já sejam outras, e você tem que refazer o teste, mas acho que fica o aprendizado de como foi instrumentado, de como a gente decidiu experimentar, de quais métricas a gente usou e eles podem olhar aqui e falar: Parte disso serve, essa outra parte não serve, e a gente vai dar uma tunnada aqui, e eles podiam também compartilhar… Olha, nossas resultados foram esses e aí mais pessoas podem ver também, porque esse problema é clássico, qualquer produto B2C de alto acesso você vai ter problema de page speed, principalmente, com ferramentas de teste A/B. Então, é bem importante e você começa a… Acho que uma outra soma para isso é que você começa a ter um networking legal, as pessoas começam a dizer: Aquele cara que sabe sobre o assunto tal, e as pessoas procuram para pedir ajuda, então é bacana essa troca.
A: Eu acho que é um… Eu já falei isso algumas vezes também, mas eu acho que normalmente esse aprendizado que tu está tendo, essas experiências que tu está tendo, elas vão formando esses pontos fortes de conhecimento que tu adquiriu, de experiências que tu teve no passado e que normalmente estão muito linkadas com coisas que tu naturalmente faz bem também, e por algum motivo, ou por sorte, ou dependendo do problema, por azar, tu caiu naquilo e acabou trabalhando com esse conhecimento, adquirindo isso e lapidando essas habilidades também. Acho que é uma forma até de autoconhecimento e de saber: Quais são as coisas que eu sei? Quais são as coisas que são meio que únicas em mim? E uma forma de expor isso para a comunidade de uma forma geral? Então eu acho um negócio super bacana. E, cara, bom… Vamos lá! Pcamp, Products Starter agora mais recentemente.
M: É, tem o Product Starter que é um filho do Pcamp…
A: Que é um filho do Pcamp. Já voa então?
M: É, verdade.
A: Muito bom! PM3. E nesse caminho todo aí, com certeza você participou muito, tanto da evolução da comunidade como um todo, como tu viu a evolução dos PMs aqui, o que a gente tem no mercado brasileiro, a evolução dos products managers como um todo também. E, qual que tu vê hoje que ainda é a nossa maior dificuldade, nosso maior defeito, digamos assim, como PM, e como é que tu vê essa evolução, o que tu vê que mudou nos PMs em si, não na comunidade nesse momento, mas na maturidade dos products managers.
M: Acho que a maturidade dos products managers, a gente definitivamente evoluiu, desde o comecinho lá da comunidade… Quando eu fiz os eventos eu achei que não tinha nada, né? Talvez até existisse uma ou outra coisa, mas não era bem disseminado, então eu diria que ali, quando começou a surgir mais e emergir mais os eventos de produto, evoluiu muito. Acho que hoje a gente tem muito mais cases compartilhados, apesar de ainda podermos ter mais, a gente já tem vários que são compartilhados, e as pessoas conseguem trocar entre brasileiros e ver cases do Brasil, o próprio PM3 tem muito case do Brasil. E engraçado, porque a gente está começando a mostrar cada vez mais o valor da área de produto, o valor de um product manager. Se a gente olha para 2014 ou 2015, as áreas de produto… Era assim: Um cara de produto ali. Agora, não, os nossos salários como PM ou GPM e etc estão muito mais altos, é uma profissão que está superdifícil e contratar, está superdifícil de achar pessoas, então as empresas sabem o valor que tem. Algumas até sabem que tem valor, mas não sabem como contratar e como colocar o PM na empresa, mas acho que está muito claro pelo resultado que a gente traz de negócio, seja estratégico, seja de otimização financeira como um tunner, que a gente tem muito valor. Eu diria que assim, quando a gente fala product manager de produto qual a sua deficiência no Brasil? Talvez essa pergunta seja a deficiência assim… Porque eu acho que a gente tem o mesmo problema que todos no mundo inteiro. Cansei de ver eventos lá fora, cansei de ver palestras lá fora, benchmarketing e cases e cara, as dúvidas são as mesmas, no fórum as dúvidas também são as mesmas. Podcast, que tem muito lá de produto, os debates são iguais. Então assim, eu não acho que a gente está nem um pouco longe, eu acho que a gente tem um pouco de síndrome de vira-lata. O brasileiro, a gente não entende que é muito difícil fazer produto no Brasil, tem várias peculiaridades, então eu acho que temos bons products manager, e que poderíamos até compartilhar mais com a comunidade do exterior. Tudo bem, tem a barreira da linguagem, mas quem puder falar inglês e quem sabe escrever em inglês, devia compartilhar mais porque a gente tem muita coisa para compartilhar.
A: Legal! Eu acho que quanto eu estava na RD ainda, com recorrência a gente mandava gente para ir para o Vale para participar, principalmente, do Mind the Product, e alguns outros eventos que tinham no Vale. E agora recentemente o Pedro, do Nubank, foi para o Vale também, para o Mind the Product, e sempre quando a galera voltava, eu sempre perguntava: e aí, o que trouxe de aprendizado? No caso da RD, a gente fazia sempre um documento para trazer aprendizado, uma palestra interna, ou algo nessa linha. E com o Pedro eu troquei uma ideia e o sentimento é sempre o mesmo, que não mudou muita coisa. O que a galera está compartilhando lá é muito do que a gente já está vivendo e compartilhando aqui também, então às vezes a gente tem um pouco dessa síndrome de vira-lata, de achar que aqui as coisas são muito diferentes, mas no final das contas, principalmente quando você está falando obviamente, se eu posso pegar uma empresa bem menos madura aqui no Brasil? Óbvio que vai ter diferença! Como tem diferença para empresas mais maduras e menos maduras no Brasil também. Mas quando eu estou falando de empresa top aqui no Brasil, ou no Vale, é muito parecido, questão de maturidade de produto, o que a galera está fazendo, problemas, são muito similares. Acho que o que faz diferença, que é muito parecido com um cenário de empreendedorismo são os ciclos, que a galera lá já fez isso várias e várias vezes, e isso tem vários exemplos de pessoas que estão lá há 20 anos trabalhando com produto, e isso que eu acho que faz muita diferença. São as pessoas pela experiência que elas têm, mas não que tenham acesso à informação muito diferente, ou que os problemas sejam muito diferentes.
M: Eu diria nem só os ciclos, mas o volume também. Para uma empresa que a gente tem aqui, top, fazendo um bom trabalho em produto ou em qualquer outra área, eles têm 100, 200, 1000 empresas. Então eu acho que o volume de cases deles é muito maior também, então eles conseguem fazer uma troca muito superior à nossa, eu diria que até por isso, que a gente tem que trocar mais, não importa, às vezes, se duvidar tem mega cases de produto de empresa empresas, que sei lá ONGs, ou empresas mais Gov, mais Corp, mais enterprises que a gente não sabe por que as pessoas simplesmente não compartilham, não estão no nosso meio. Então eu acho que tem que compartilhar mais, e deve ter mais cases de produtos bons que a gente nem conhece aqui no Brasil.
A: De comunidade em si, como que tu vê a comunidade, o amadurecimento dela nesse meio período? Acho que está muito ligado com o que a gente acabou de falar de product managers, porque os product managers fazem parte dessa comunidade, então não pode ser muito diferente, mas tu vê diferença também de maturidade de comunidade, de ter mais evento, de ter mais possibilidades do que era antes, como é que é que tu vê isso?
M: Cara, acho que sim! Por um lado, isso é bom porque está aumentando as pessoas, aumentando o interesse na área, ajudando a qualificar mais pessoas com a troca de conhecimento e, por outro lado isso pode ser ruim. Eu acho que isso só o futuro vai dizer, eu tenho percebido cada vez mais pessoas de outras áreas com interesse de migrar para produto, aí é uma opinião talvez até um pouco radical, mas eu acho que muitas pessoas não têm o perfil, algumas têm, e elas fazem um trabalho extraordinário, eu já vi jornalista em produto e o cara faz um puta trabalho. Já vi biólogo, geólogo, já vi dev… Sim, dá para migrar, mas tem várias que querem, mas não tem nada a ver… E isso é um problema, porque elas acabam conseguindo a migração, porque o mercado tem mais vagas do que profissionais qualificados, elas vão lá, entram na empresa desempenha um trabalho ruim, e essa empresa, às vezes, contratou o primeiro product manager esse cara. Aí a imagem do product manager para aquelas pessoas que estavam ali fica como: Ah, esse pessoal de produto não é bom, esse pessoal de produto não serve. Então, infelizmente, não tem como ninguém controlar isso, acho que esse é o lado negativo, e a outra coisa que naturalmente acontece é: A gente está agora cada vez mais, todos os dias eu vejo uma comunidade nova de produto, (slack:40:39), um meetup, enfim… Alguma coisa de produto. O que é bom, porque tem cada vez mais pessoas querendo compartilhar conhecimento, mas ao mesmo tempo você começa a pulverizar a troca de conhecimento. Se você cria 100 mini comunidades, são 100 mini comunidades em mini bolhas que já… A área de produto já é uma bolha, se você cria mini comunidades, é mini bolhas, então eu acho que isso também é ruim. Então eu acho que ainda assim… É importante a gente compartilhar com o maior volume de pessoas possível, tentar sair da bolha o máximo possível, e se a gente vê pessoas que querem migrar de área, a gente tem que ajudá-las de alguma forma, nem que seja indicando um curso, indicando uma palestra para ir indicando livros para ler, mas a gente tem que ajudá-las porque senão elas vão acabar queimando nossa própria profissão, que a gente não quer. Então, é legal que cresça, mas tem que crescer com qualidade, acho que esse é o maior risco na nossa comunidade. Eu já vi, não quero citar quais comunidades, mas eu vi muitas comunidades de outras áreas crescendo pra caramba, com vários profissionais que trocam título no LinkedIn, dizem que são essa profissão e a comunidade está queimada, porque entra muita gente que não consegue agregar valor, e eu não gostaria de ver isso acontecendo com produto. Acho que não acontece porque a área de produto tende a ser pessoas um pouco mais sêniores, tende a ser pessoas mais estratégicas também, algumas até com perfil empreendedor, então isso não deve acontecer, mas eu diria que é um leve risco que a gente tem.
A: Legal! No meio da tua resposta tu falou de talvez algumas pessoas não tenham o perfil para ser PM, o que tu considera um bom perfil de PM?
M: Como eu falei, eu acho que tem o tunner, o builder e o inovators, eu acho uma boa definição esses três. E um bom perfil de PM para mim ele é um cara que se encaixa em um dos três. Mas como que eu vou saber qual dos três eu sou? Aí o Spengler pode depois compartilhar o link e você pode ler a descrição de cada um deles e você facilmente vai conseguir se encaixar, mas a verdade é que talvez a empresa em que você esteja não esteja encaixando você no certo. Ou talvez você nunca tenha testado um dos outros perfis e você está curioso. Então se você se encaixa em um dos três, é superlegal, você provavelmente é um bom PM. Porém, tem coisas que na minha opinião diferenciam um PM… E eu já participei de vários meetups de comunidades e as pessoas discordam de mim, mas eu acho que um PM diferenciado, ele tem um certo aprofundamento na área técnica. Então, ele entende bem de arquitetura, ele se vira super bem em SQL, faz join, enfim… Faz tudo de intermediário e talvez até avançado em SQL, consegue se comunicar com a API pública, consegue fazer algumas integrações, nem que seja para emparedar uma poc para ele não ter que tomar o tempo do engenheiro. Então ele é um cara que tem que saber permear em todas as áreas. A gente fala isso, desde o princípio para sempre: É o cara que permeia em todas as áreas. E ele vê uma dificuldade, ele vai lá e resolve aquela dificuldade, ele vê um gargalo e vai lá e resolve aquele gargalo, e muitas vezes a dificuldade do gargalo é tec, então para ele resolver ele tem que saber tec. E qual o problema? Hoje a maioria dos PMs, que eu converso pelo menos, eles sabem muito de business, mas o tec fica um vendido… Às vezes, ele poderia até ajudar numa discussão, mas como ele não entende, não consegue… Os devs ficam lá debatendo, debatendo e não sai nada… Eu acho que é muito importante ele saber ponderar isso. Então, eu diria que um bom PM tem que se encaixar em um desses três perfis, e você tem que ter pelo menos uma parte técnica razoável. Claro que é difícil dizer o quão tec você precisa, o que de técnico você precisa saber, o quanto você precisa aprofundar, não sei, eu vi do background de computação, eu me formei em Ciência da Computação, e eu diria que eu vejo como grande diferencial eu conseguir me comunicar com os devs. Então eu diria que um bom PM é isso. Só para reforçar um outro ponto, depois eu posso te mandar o link para você deixar o link aí no podcast também, tem um artigo, eu esqueci o nome dele, mas é meio que um triângulo dos PMs, ele basicamente fala que o trabalho do PM é preencher gaps, então, ele está… Cara, se você está no Nubank, por exemplo, você tem um gap em operação, você tem que preencher esse gap na operação até esse gap, esse gargalo estar resolvido. Depois você vai mudar para um outro problema em, sei lá, talvez em processos ágeis para melhorar a entrega do seu time, enfim… Você tem que saber atuar em tudo, e isso é a parte mais difícil do PM, porque você tem que ser extremamente multidisciplinar, e aí entra um outro ponto… Eu acho que empreendedores tendem a ser bons PMs, porque eles geralmente são muito disciplinados, eles geralmente têm boa communication skills, então eles conseguem se comunicar bem, isso é extremamente importante para o PM, eu preciso falar com os stakeholders, preciso falar com o dev, preciso falar com o UX, preciso falar com o usuário… Cara, só o que você fala de PM, baixa o Galvão Bueno… Então, é mega importante. Então, eu diria “vai” resumindo em algumas habilidades: habilidade técnica, comunicação, obviamente negócio, e se encaixar em um desses três perfis.
A: Eu, no caso, também sou formado. Eu sou formado em sistemas de informação, então também é um mix de computação com administração, dá uma carga muito grande eu fui desenvolvedor por quase 10 anos, então não é o meu caso, mas para quem não tem esse background técnico, é tipo caso perdido para ti? Ou como que faz para tirar esse gap na tua visão?
M: Não! Não acho que é caso perdido. Eu já vi várias pessoas que migraram para produto, trabalhei como pares até, como par… Migraram para produto e apanhavam muito no começo do técnico. Eu lembro de uma história, não vou falar quem, mas a pessoa falou assim: Ela entrou, aí a gente usava mongo na empresa, e a pessoa ficava falando do mongo, o mongo caiu, o mongo é foda e aí a pessoa saiu, era o primeiro dia na nossa empresa, ela falou: Cara, coitado desse mongo… Pow, eu nem vi ele, a pessoa fica falando mal… E ela falou de verdade, sabe? Então, assim… É foda! Coitado do mongo. Então não é caso perdido, eu acho que se você for muito bom em business e você está entrando numa empresa que o seu conhecimento de business ajuda, cara, você não precisa saber o técnico, sei lá, se você é um RH há 10 anos, que faz recrutamento, você vai entrar como PM de uma empesa que faz recrutamento. Você vai tirar de letra. Então, assim, tem casos específicos. E mesmo assim, se você quiser entrar num produto que você não é o expert da área, ou também se você for, eu diria para você fazer alguns cursos online, e tem vários cursos de desenvolvimento, tem os próprios cursos na Caelum que ensinam muito sobre a orientação ao objeto, hoje em dia lá tem até uma orientação ao objeto com python, que eu diria que é uma linguagem mais acessível, mais fácil de escrever, inclusive mais usada, uma das mais usadas hoje, enquanto o java cai em desuso, até recomendaria fazer esse. Pow, vai atrás, ao invés de só fazer um MBA, vai estudar aprofundado tecnologia, é difícil pra caramba? É difícil pra caramba! Mas você vai ser um profissional extremamente diferenciado, e se você realmente aprender você vai conseguir até fazer o seu produto sozinho. Então eu diria para começar por aí, e se você for um grande cara em business não é um caso perdido, mas você tem que ter raça para aprender o tec.
A: É, eu concordo bastante. Acho que independe do nível que chega, ter o mínimo de conhecimento em tec, eu acho que é superimportante. Acho que tem várias fontes, Udemy, a Udacity, a Caelum, tem a Allure, que eu acho que é da própria Caelum, mas é uma plataforma online para isso. Acho que tem várias formas de você fazer. O python acho que é também uma linguagem super fácil de aprender, porque ela é muito, se tu sabe ler inglês tu consegue entender o que está acontecendo ali minimamente, e também é superinteressante, porque é como a gente estava falando de análise de dados, o SQL por exemplo, o python é muito aplicável a isso também. Então, é um negócio bem útil que por menos que tu saiba, tu já consegues usar para alguma cosia prática assim. E PM, para mim, é a pessoa que tem que ter uma capacidade de aprendizado muito grande, porque toda hora você está num contexto diferente, seja um business diferente, seja um problema diferente, então acho que o fato de você não ser da área de tec e conseguir mostrar que você consegue aprender pelo menos o básico de desenvolvimento, eu acho que já é um bom indicativo também de que essa pessoa tem uma boa capacidade de aprendizado, que é uma boa soft skill para você ter como PM também.
M: Boa! É isso aí mesmo!
A: Show! Bate bola?
M: Bora!
A: Bate bola são perguntinhas rápidas com respostas rápidas também. Uma ferramenta de trabalho indispensável?
M: ppt.
A: ppt? É empreendedor mesmo.
M: Peraí, tem que explicar ou só falar? Roadmap no ppt, apresentação. Sei lá, apresentação para os investidores, quando eles veem, é um ppt. Tudo no ppt. Você pode ter o jira, o melhor jira do mundo, você vai fazer a apresentação no ppt, então essa é indispensável.
A: Jira não cara, pelo amor de Deus.
M: Ou Clubhouse, qualquer que seja.
A: Qual o principal hack de gestão de tempo?
M: Então, algumas pessoas me perguntam isso, eu não sei! Eu diria que talvez seja preencher boa parte da minha vida pessoal no trabalho. Talvez esse seja o hack, não tenho, não explico o tempo.
A: Ah, porque tu pow… É dia a dia de Catho aqui, é PM3, é Pcamp, é Product Starter…
M: É, hoje não vai ter o side projects porque eu estou aqui gravando contigo, mas normalmente nesse tempo que a gente está gravando eu estaria trabalhando nos side projects. Então, eu não tenho noite para sair e beber uma com os amigos, eu estou fazendo outras coisas, é esse o hack. Não sei se é um hack isso.
A: Boa Sorte! O que você está lendo agora?
M: Cara, eu estou lendo agora a biografia do Elon Musk, bem legal, na verdade estou ouvindo ela. Uma que eu estou lendo de fato é um livro chamado Dinheiro e Vida. Essas idas e vindas de empreendedor, você faz um bom pé de meia, você tem que saber conseguir balancear e isso envolve várias coisas, até o que eu acabei de falar, é um problema que eu tenho pensado muito sobre mim… Será que eu estou workaholic, talvez… Então, eu preciso saber balancear a vida o dinheiro, ou seja, trabalho, e eu preciso pensar onde eu quero chegar, qual o momento de parar, como que eu vou reduzir, então é um livro que faz você refletir muito sobre isso, é um livro muito bom. Então, recomendo, mesmo que não seja um livro relacionado a tec ou a produto.
A: Quais são os três livros que você recomendaria para qualquer PM?
M: Três livros, vamos lá: Hard things about hard things, esse é top de linha, o cara era um PM que empreendeu, fez dois IPOs, os filhos estavam nascendo no dia do IPO, insano, muito bom! Eu sei que falou três, mas eu vou, talvez, até falar mais. Então, assim, se você está começando como produto é imprescindível você ler Inspired, se você já está em produto a um tempo é bom ler Inspired, mas não tão imprescindível. É uma Bíblia, mas não tem tanta coisa nova, vai? Tem um livro que eu gosto muito que ele se chama Products Roadmaps Launched, é do Todd Lombardo, e do Bruce, esqueci o sobrenome dele, mas depois te mando o link, é um livro super simples, um livro muito didático, tem muitos desenhos, ele dá muitas dicas simples, tipo como fazer um alinhamento com o stakeholder, como alinhar com os stakeholders quando eles estão desalinhados e você sabe tudo que eles querem, como fazer um roadmap de comunicação orientado a outcome e não a features, então é um livro bem legal, bem simples, super recomendo. E aí tem outros livros que aí é um pouco mais empreendedor e um pouco produto, eu diria que vale a pena ler Running Lean, é um livro mais frameworks e como fazer product smart fit, mas é um livro que você não precisa seguir à risca ele, mas ele traz muito insumo, muito aprendizado. E eu gosto bastante do Compete against Luck, do Clayton Christensen também.
A: Muito legal! Quais são as tuas fontes de informação sobre produto?
M: A Newsletter do Benedict Evans, ela é um panorama mais geral de negócios, mas tem muito insight de produto ali. Gosto de ler alguns livros, como esses que mencionei acima, tem information. Eu tenho uma certa dificuldade de separar o produto de business, information tem muito business, tem muita notícia, mas tem coisas que você tira insight de produto. Agora, onde realmente tem um mega insight de produto é um site chamado First Round Review, eles fazem umas entrevistas extremamente aprofundadas, é tudo em texto com vários figurões do Vale, ou da Europa e até da Austrália, e é muito bom porque eles aprofundam: Como foi para vocês lançarem o tal feature? Como foi que vocês priorizaram? Quais as técnicas que vocês usaram? Qual foi o framework? E é muito, muito bom! E eu sigo algumas pessoas no médium mesmo, então, o Dawsey, a Melissa Perry, o próprio Marty Cagan, no medium no caso, no feed dele, o John Cutler. Então, sigo algumas pessoas que estão sempre debatendo sobre produto, estão fazendo webinars etc.
A: Muito legal! Quem te inspirou?
M: Cara, quem me inspirou? Olha, não sei se isso é inspiração ou motivação, eu diria que minha mãe, não sei nem se ela vai ouvir isso, mas acho que minha mãe é uma grande motivadora/inspiradora disso tudo. Porque eu lembro que eu ainda morava em Belém e tinha aqueles projetinhos e tal, e ela sempre… Acho que ela ainda lê revista. Mas ela via umas revistas do tipo Jorge Paulo Lemann, aí ela pegava e comprava para mim e: lê aí, olha esse cara é muito bom. Então, ela sempre trazia esse tipo de coisa, e eu lembro muito de uma matéria que era sobre a mãe do Paulo Lemann e como ela apoiava ele, aí ela pegou e me mandou: Está vendo só, eu te apoio também. Realmente, ela me ajudou em uma série de coisas, ela abriu várias portas para mim, eu cansei de vir aqui para São Paulo para fazer curso, e eu era de Belém, era de longe, então eu acho que isso fez um diferencial para mim. Por exemplo, inglês, eu era moleque e não queria aprender inglês: Pow, inglês, que saco, eu não preciso disso. Cara, se eu não tivesse aprendido inglês eu não teria conseguido meu emprego no easytaxi, por exemplo. Então eu consegui pelo inglês. Depois quem me contratou me falou: cara, estava empatado com uma outra menina, mas ela não tinha inglês… Putz, olha só, sensacional. Agora, pensando em profissionais da área eu diria que o Ben Horowitz é uma grande inspiração, porque ele é um dos poucos products managers que eu vi que teve uma mega história empreendedora, aí eu super me inspiro nisso, eu acho que pelo perfil.
A: É animal mesmo. Cara, eu preciso fazer essa pergunta… Açaí com peixe ou com granola?
M: Ah Cara, olha… Com granola, mas eu não gosto de açaí, eu sou um Paraense fake. Muita gente come com peixe, pega o peixe e molha assim no Açaí.
A: Eu experimentei quando eu fui lá, é diferente. O que é um bom PM para ti?
M: Acho que a gente falou ali atrás disso, um bom PM é uma pessoa que se comunica bem com todas as áreas, principalmente engenharia, eu diria. É uma pessoa que consegue linkar o que ele está fazendo agora com a estratégia de médio e longo prazo da empresa, é uma pessoa que preenche lacunas, fill the gaps do artigo que a gente vai deixar lá no podcast, no episódio. Então, acho que se você consegue ver, identificar gargalos e resolvê-los pontualmente, seja com tecnologia ou seja só com implementando um processo com planilha, que seja, você já vai causar um impacto positivo na empresa. Então, você tem que simplesmente ser um “resolvedor de problemas”.
A: Muito bom! E o que é um bom produto para ti?
M: Cara, um bom produto, sendo até um pouco clichê com o Calyton Christensen, é um produto que resolve… Que faz um bom trabalho para o que ele é contratado. Então, se eu contrato/compro um celular, um smartphone, eu quero que o touchscreen funcione minimamente bem, eu quero receber ligações. Então, é um produto que basicamente é bem pensado em: Por que eu criei esse produto? Por que ele foi criado? Para resolver qual problema? E se ele resolve esse problema bem. E obviamente, você pode expandir, resolver N problemas. Mas a ideia é sempre resolver o problema bem.
A: Cara, nesses anos todos, certamente tu teve algum aprendizado que te guia, possivelmente, até hoje. Que aprendizado foi esse?
M: Tem uma coisa, que eu já penso há uns anos, assim… Tem muita coisa que eu não sei, seja do dia a dia, seja da vida, enfim… Tem muita coisa que eu não sei. Tem uma coisa que me guia muito é: Cara, se eu não sei, pergunta para quem sabe. É ridiculamente simples, mas eu já vi tanta gente se batendo, tentando inventar a roda sozinho, e às vezes você cutuca o cara do lado e ele… Ou você contrata a pessoa para te ajudar a resolver. Então, eu acho que… Eu não quero nem falar: Ah, tenha humildade e peça ajuda. Porque eu não acho que é isso. Eu acho que, às vezes, é você se tocar que você pode trocar ideia com alguém e no meio de uma conversa pode vir um insight da sua resposta. Tem um conceitozinho, que é o pato de borracha, que os desenvolvedores usam. Então, os desenvolvedores costumam falar com algumas pessoas, só trocar uma ideia sobre o problema e, às vezes, ele mesmo na trocada de ideia dá a solução. Eu diria que esse para mim é o maior aprendizado. Às vezes eu chamo pessoas júnior para bater papo comigo, pessoas pleno, sênior… Às vezes, minha mãe, não importa. Mas eu quero bater um papo, jogar para elas esse problema, e as ouvir. Às vezes não sai nada, mas às vezes sai algo. Então, eu diria que isso é um aprendizado sensacional, troque ideia e as coisas vão acontecendo.
A: Animal! Cara, muito obrigado pelo papo.
M: Valeu.
A: Um prazer estar falando contigo e conhecer um pouco da tua história. Nos vemos nos próximos eventos.
M: Obrigadão, Spengler! Fechou, prazer ser o primeiro.
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