Essa é a transcrição do podcast “Episódio 7 – A relação entre PMs e UX designers com Natalia Arsand ”. O link para ouvi-lo está no final desse conteúdo.
Já imaginou estar seguindo uma carreira e seu gerente falar: Acho que você deveria fazer tal coisa, e você vai lá e faz e tem muito sucesso?
Foi isso que aconteceu com a Natália Arsand, nossa sétima convidada do Product Backstage. Nati começou como desenvolvedora de software, no interior do Rio Grande do Sul, logo após conseguiu um emprego na Dell, como desenvolvedora Java script, e seu mentor, designer, falou que ela deveria fazer design, e lá foi ela…. Depois de 2 anos na Dell, virou designer e começou a trabalhar em uma startup.
Em nossa conversa, Nati, que trabalhou por quase 6 anos na Booking, conta pra gente sobre suas experiências e como é uma relação perfeita entre PMs e UX designers. E claro, nessa relação não pode faltar post-it (rsrsrs). Acompanhe esse papo que você irá entender!
A: Bom dia pessoal! Estamos aqui hoje de novo pra fazer uma gravação ao vivo do Product Backstage, a gente vai falar com a Natália, acabou de chegar aí na correria… É… E a gente vai falar muito dessa relação de UX com o produto. Então, sejam bem-vindos aí a mais um Project Backstage. Natália, antes da gente começar, se puder falar um pouquinho da sua trajetória… Até chegar no Booking… O que que tu estudou? Como é que tu chegou no Booking? Seria superlegal.
N: Beleza! Bom, eu comecei como desenvolvedora de software, 10 anos atrás, um pouquinho mais, na minha cidade natal, no interior do Rio Grande do Sul. Aí eu fiquei, eu era webmaster na época, né… Todo mundo fazia um pouquinho de tudo, aí eu consegui um emprego na Dell, como desenvolvedora Java script, eu fui pra lá, eu trabalhei num time muito bacana e eu tive um grande mentor na Dell que me mostrou, me apresentou o design, ele era designer, apesar… Ele era o meu gerente, e ele falou: Você deve… Devia fazer design! E aí eu comecei a fazer design por causa dele. Ã… Acho bacana isso, os mentores que a gente tem na vida, assim… A gente leva eles pra sempre, assim. Eu acho que… A gente sempre tem que encontrar essas pessoas na nossa vida, né? Mas enfim… Aí eu fiquei 2 anos na Dell como desenvolvedora e eu decidi finalmente virar designer, e aí eu entrei numa startup que na época chamava Software, depois virou Engage, e depois foi a startup que criou o Catarse. Então eu tava lá bem no início do Catarse, foi uma experiência muito bacana também, e eu aprendi muito sobre ã… Pesquisa e UX naquele momento lá, porque eu tava direto lidando, era uma empresa muito pequena, então, trabalhava direto com o cliente, direto com o usuário, era muito bacana, e depois disso eu queria pegar um pouco mais na prática, assim, então eu fui pra Thoughtworks, lá em Porto Alegre ainda, e eu fiquei 3 anos na Thoughtworks. Lá eu trabalhei com muitos projetos muito legais, ã… Em saúde, em educação, em segurança, foi muito bacana, e foi onde eu aprendi a maior parte das minhas habilidades de facilitação, que hoje pra mim é a essência do designer é tu saber facilitar conversas, né… Então, também foi um aprendizado muito grande que eu tive lá. E aí depois de um tempo eu queria muito morar fora do país por um tempo, fora do Brasil, e eu tinha amigos que trabalhavam na Booking, e eles me perguntaram se eu não tinha interesse em ir pra lá, eu apliquei e passei, e hoje eu tô há 4 anos e um pouquinho mais, morando em Amsterdam e trabalhando pra Booking.
A: Legal! É… Bom, acho que tu tem um background curioso, pelo menos pra designer eu não vejo tanto que é ter uma formação em desenvolvimento, ter trabalhado com desenvolvimento, e depois ter passado pra designer. É… O que que isso colabora, ou não colabora, com o teu trabalho hoje em dia? O que que tu acha que isso te faz uma designer melhor? O fato de ter esse background de desenvolvimento?
N: Eu acho que… Foi essencial pra mim, porque… Uma coisa que eu sempre digo, assim, tem toda essa questão de: Ah… Designer deveria saber fazer código ou não, né? Sempre tem esse… Esse diálogo, e eu acho que assim, pra tu ser um bom padeiro tu precisa pelo menos entender como que farinha e água funcionam, né? Então, tu precisa entender um pouquinho sobre: Como código funciona, como que é… Qual que é o teu… A tua matéria-prima, né? Eu acho que isso é essencial pra tu também… Porque, hoje em dia eu me considero uma designer muito mais do lado de negócio do que do lado de desenvolvimento, mas tendo esse conhecimento eu consigo fazer o gap, fazer a ponte entre o negócio e o desenvolvimento e conversar com esses dois lados que eu acho que é bem importante.
A: Entrando nisso também, mas… Eu acho que… A gente sempre fala muito de quando criar soluções, o fato de envolver engenharia no processo de criar soluções é super importante. É… Como é que tu vê isso? E também… Trazendo aí teu background de desenvolvimento, se isso te ajuda a envolver o pessoal de engenharia ou não, se tu vê valor nisso, e se tu vê, como é que tu faz isso no teu dia a dia?
N: Com certeza, eu… Eu acho que… Como designer o pessoal de produto tende a querer conversar mais comigo do que com o pessoal de desenvolvimento. Então… E eu tento sempre ficar do lado do pessoal de desenvolvimento, então, pra fazer aquele equilíbrio, assim… E eu acho muito bacana que às vezes as pessoas vem falar comigo sobre uma coisa, que claramente deveria ser falada com o time de desenvolvimento, e eu falo: Ué, porque você não fala com fulano? Fulano tem mais informação sobre isso. Ou então: Ah, vamos trazer o pessoal pra conversar, acho que eles vão ter ideia sobre isso, sabe? Eu acho que é essencial, assim, e… Eu me aprimoro a cada dia mais quando eu apresento as minhas soluções de design logo no início, logo… De sketch mesmo, de rabisco, pro desenvolvedor, e ele assim: Não, tem um jeito muito mais simples de fazer isso, porque você não faz assim? E eu: ah, óbvio! Sabe? Então acho que é essencial tu ter essa comunicação, assim, com o time de desenvolvimento.
A: É! Ontem eu falei com o Demian também, é… A gente conversou, e conversou muito dessa transição dele do mercado brasileiro pro americano, por exemplo, ele falou algumas diferenças nisso. Tu sentiu alguma diferença de sair do Brasil pra ir pra Europa? Principalmente Amsterdam, onde tu tá… Tu sentiu diferença nisso? Cultural… Ou como que as pessoas trabalham? Como é que é designer lá, enfim… tem alguma diferença pra ti?
N: Então, a Booking, ela é muito internacional. Então, no meu time, por exemplo, eu tenho americanos, egípcios, gregos, ã… Indianos. Então é… São pessoas de todos os lugares, então não tem como ter meio que uma cultura holandesa. Na Booking não existe isso. Tem, tem… A cada 10 pessoas tem meio holandês, sabe? Não tem muito holandês. Eles gostam mais… Ou é das coisas mais tranquilas, assim… Tipo: Ah, abrir uma padaria, ficar tranquilo… Ou é as engenharia pesada, né? De construir deck pra não entrar água na cidade e coisa assim… Então, na… No software mesmo eles não assim… Não gostam muito, assim… Tem pouca gente de holandês mesmo, mas… E porque a Booking é tão diversa, assim, tu vai encontrar diversos tipos de pensamentos diferentes, assim… E isso é muito chocante, assim, no inicial porque você pensa: Ah, design é igual em todo lugar. Ou: Ah, desenvolvimento de software é igual em todo lugar… Mas não é! E aí você bota essas pessoas que vêm de lugares completamente diferentes pra discutir. Você tem que ter muito… Muita habilidade pra conseguir tirar, né, o que precisa da conversa ali… E eu acho que pra mim esse foi o maior choque cultural, assim, porque todo mundo tá com a barreira inicial do inglês. Ninguém lá ã… A native english speaker e… Os americanos alguns… Alguns europeus, mas a maioria a pessoa tá tentando se virar no inglês e tu tem que tentar traduzir aquilo, e por isso que eu… Eu sou muito a favor de escrever, né? Documentação no papel, post it, a gente tá falando sobre a mesma coisa? É isso aqui mesmo? Sabe? E ter essa confirmação, assim, acho que é importante.
A: Quatro… Quase cinco anos depois aí na Booking… Quais foram… O que que tu considera ser os teus maiores aprendizados na Booking? É… O que que tu ca… Vai carregar aí, pelo resto da tua vida aí como designer nessa experiência dentro da Booking?
N: Eu acho que… Quando as pessoas escutam… O pessoal de tecnologia e produto escuta Booking, sempre pensa em A/B testing, né? Ã… É uma coisa muito forte na Booking é… O teste A/B, ã… Tudo que tá no site foi testado ou é um experimento, tudo, absolutamente tudo assim… Isso tem suas vantagens e tem suas desvantagens. Ã… Eu acho que agora a Booking é um segredo, a gente tá passando por uma revolução de design, de produto muito grande na Booking, onde a gente tá começando a questionar, né? Tudo precisa ser experimentado? Não tem outras maneiras de tu desenvolver produto e entregar valor pro usuário que não é, tipo, milimetricamente medindo com… Só com AB test? Acho que AB testing é importante, mas não só isso. Um dos motivos pelo qual eu fui pra a Booking era justamente porque eu queria entender mais de métricas, mas de AB testing e eu acho que eu aprendi muito sobre isso, e eu também consegui trazer muito do meu conhecimento mais qualitativo, também. Sabe: Ah, quem sabe a gente vai só falar com as pessoas que tão ali na rua, todo mundo em Amsterdam é turista, né? Então vamos lá conversar com os turistas. Ã… E agora essa cultura tá… Tá começando a mudar também, e é muito legal, assim… Acho que meu maior aprendizado é realmente tu conseguir entender quando tu precisa de dados qualitativos e quando tu precisas de dados quantitativos, e como que essas duas coisas se unem, assim… Acho super bacana.
A: Falando um pouquinho de estrutura do time da Booking e tamanho do time da Booking, eu sei que tem um time muito grande de produto lá… É… Produto, engenharia, etc. Como é que… Quantas pessoas são? Como é que são divididos os times? Como é que é estruturado mais ou menos os times dentro da Booking?
N: Tem muita gente! Muita gente! Ã… Só de designer hoje tem 300. Ã… Eu não sei a quantidade total de TI, mas a gente sempre tenta fazer com que os times tenham no máximo 10 pessoas. Então, cada time é pequeno, e aí os times que são… São complementares sentam juntos, a gente tem, enfim.. Essa estrutura que agora é bem comum, né? A gente chama de: São os teams e as tracks e as business units, ã… E aí a gente ter regularmente catch ups e all hands, essas coisas assim.
A: Eu imagino que no time que você esteja tenha um… Alguém de produto, uma PM ou um PM, é… E a gente sempre fala que essa dupla, e deveria realmente funcionar como um dupla, né, de PM e designer, ela tem que funcionar muito bem pro produto dar certo. É… Na tua experiência… O que que é funcionar muito bem? Como é que é esse teu dia a dia com a pessoa de produto no teu time?
N: Eu tenho uma PM maravilhosa, ela é… Ela é egípcia. Ela é incrível! Antes dela eu tinha uma outra PM que a gente não se dava bem. A gente pensava completamente diferente, e não era porque eu era má… Má profissional, ou ela era má profissional, a gente simplesmente não conseguia trabalhar juntas, não sei, os nossos processos eram muito diferentes, e… Eu reclamava pro meu manager, ela reclamava pro manager dela, até que em um momento assim: Tá Ok, vocês não podem trabalhar juntas. E aí a gente tentou procurar um… Perfis que eram mais similares. Eu acho que…A gente as vezes… Muitas vezes a gente esquece que são pessoas, a gente tá lidando com pessoas, e se essas pessoas não se dão bem, você não vai ter como trabalhar bem. Eu acho que a primeira coisa são… É isso, assim… Você tem que ter um pensamento parecido, querer a mesma coisa, entender e ouvir, né, o que a outra pessoa tá dizendo pra você conseguir trabalhar direito, assim… Eu e a minha PM hoje, a gente… Qualquer coisa, assim, ela tá trabalhando em alguma coisa, ela levanta, vai pra minha mesa e fala: Eu tô pensando em várias coisas, será que tu pode pensar comigo? É tipo… Esse tipo de coisa assim, sabe? É… Não é só aquelas coisas formais, é o dia a dia, você tá envolvido junto, pra pensar junto e eu acho que isso é bem importante.
A: Ter que colocar em caixinhas as coisas é complicado? É… Mas… Pelo menos, eu falo muito também, escuto muito falar de… Se a gente fosse colocar em caixinhas, a gente olha muito mais pro PM como… Quem vai priorizar os problemas que a gente vai atacar… E o designer vai pensar em soluções pra resolver aqueles problemas. Tu vê dessa forma também? E se não, como é que tu enxerga isso? E se sim, como é que é esse teu dia a dia pra conseguir entregar essas soluções e essa interação com o PM também?
N: É… Eu acho que é bem por aí mesmo. Eu sempre falo, tipo: Não me venha com soluções, me venha com problemas e a gente resolve junto. Ã… Porque é muito difícil de você dizer: Ah, o PM faz isso e o Designer faz isso hoje em dia. Acho que as coisas estão se convergindo muito, mas o jeito que eu gosto de trabalhar como um PM, por exemplo. E talvez por isso que eu não me dei bem com o outro PM, eu gosto de que o PM me traga as evidências que ele já tem, sabe? Quando você tem um gatilho sobre alguma coisa que tem que ser feita, você já sabe mais ou menos o que que você tá pensando. Então externaliza esse pensamento e traz isso pra mim, e aí a gente… E aí eu vou pro… Vou começar a fazer algum tipo de pesquisa ou benchmarking, alguma coisa assim, e o PM também vai fazer isso, vai buscar alguns dados quantitativos muitas vezes na Booking sobre o que que a gente já fez na Booking, ou o que que a gente já… Pode tentar buscar dados conversando com os nacionalistas e coisas assim. Ã… Eu acho que… E aí, uma coisa que acontece muito, que normalmente é que eu vou ter mais o viés de usuário, olhando pra o que… Quais são os dados que a gente ainda não tem? A gente precisa buscar? E o PM vai buscar os dados que a gente já tem dentro da empresa? Ou alguma coisa assim, conversar internamente com as pessoas, sabe? Acho que… Esse relacionamento funciona bem, e aí normalmente eu vou planejar algum… Algum tipo de pesquisa junto com a pesquisadora, e a PM vai tá envolvida também, vai revisar as minhas perguntas, a gente vai rodar as pesquisas juntos, ã… E enfim… A síntese também, tudo junto.
A: Agora uma pergunta bem abrangente, é… Mas tu fala muito sobre o processo de product discovery. É… O que que tu considera um bom processo de product discovery? Como é que é o teu dia a dia quando você precisa rodar um processo desse?
N: Eu gosto de dizer que discovery… Descoberta tem que acontecer em… Durante todo o processo. Não é… Não existe: Ah, primeiro você faz a descoberta, depois você faz entrega… Eu vou falar um pouco sobre isso no Keynote também, mas é… É muito mais assim: O que que a gente sabe e o que que a gente não sabe… E como a gente faz pra descobrir o que a gente não sabe. É um… É um… É um constante questionamento, assim… Existe alguns frameworks que nos ajudam a responder essas perguntas, mas é muito mais de tu ter esse mindset do que tu tá sempre tentando descobrir se tu .tá certo, e sempre assumindo que tu tá errado, sabe? Esse é o melhor mindset que você tem que ter, quando você tá descobrindo alguma coisa. Eu tô errado! Como é que eu sei que eu tô errado? Ah, não, não… Na verdade eu tô certo. Eu gosto de ter esse pensamento meio negativista, talvez, mas é pra não ter expectativas altas, porque é muito melhor que você erre no início, quando você tá descobrindo, do que depois. Enfim, a gente… Todo mundo sabe sobre isso, né? Ã… 3 meses de código e jogado fora não é uma boa coisa.
A: Eu acho que outro… Outro desafio grande, normalmente quando a gente tá testando produto, e eu não sei no caso de vocês, também, como funciona, sei lá… A gente entrevista pessoas na rua mesmo em guerrilha, e bra… Dado que vocês têm uma solução pra… Pra turismo, de certa forma, faz bastante sentido entrevistar turistas também. Mas… Eu imagino que tenha um pouco dessa barreira de língua também, dado que o Booking é uma… Uma ferramenta usada no mundo inteiro. Então, como é que é esse processo dentro do Booking pra conseguir… Entrevistar usuário, conseguir validar essas coisas com usuário, dado essa abrangência que o Booking tem hoje no mundo todo?
N: É… Isso é bem complicado. A gente normalmente tenta fazer pesquisa com pessoas que falam inglês. Então, a gente tem um laboratório de pesquisa, a gente vai ter uma agência que vai recrutar pra nós os usuários. Normalmente, a gente pede pra que eles sejam fluentes em inglês, e… Mas… E turista também… Ã… Eles tão tentando se virar, então, às vezes é bacana porque o pessoal mesmo que não fale muito inglês, tá querendo praticar, então você consegue tirar bastante coisa, mas a gente também faz algumas pesquisas mais localizadas, assim… Faz uns 2 anos eu fui numa… Numa viagem pra fazer pesquisa muito bacana, que foi no Japão, e aí a gente foi numa agência, a entrevista foi toda em japonês, com pessoas do Japão, e a gente tava tendo a tradução instantânea, assim… Mas isso é… Claro, é uma pesquisa que custa muito mais, né? E é bem mais alto nível, assim, e não acho que seja necessário em todos os casos, mas enfim, a Booking é enorme e como você falou, às vezes é necessário.
A: Imagino que vocês tenham um time de research, também… É… Vocês tem mais alguma outra… Sei lá, tipo de profissão, pessoas, enfim… Pra ajudar nesse processo de pesquisa… Nubank, por exemplo, a gente tem o time de research, tem o time de customer insights, por exemplo, também, que ajuda muito a gente a fazer pesquisas quando é… Não necessariamente com os nossos clientes, é com o mercado de uma forma geral. Como é que isso funciona na Booking?
N: A gente tem, ã… As Product Marketing Managers, que elas fazem bastante pesquisa de market fit, ã… De mercado, enfim… E elas trabalham direto junto com o… Depende do time também, né? Alguns times vão ter pro… PMS, alguns não, mas o meu time a gente tem duas, e elas tão sempre, tipo… Vendo o que que tá acontecendo no mercado, fazendo pesquisa, indo em eventos… Na área de travel, e… E trazendo esses insights pros times, assim. Isso é bacana.
A: Legal! É… E do ponto de vista, que eu acho que é uma outra… Dor recorrente, né? Mas… Medir design não é um negócio muito fácil, e… Beleza! Você tá lá trabalhando pra colocar uma série de coisas no produto…. Obviamente que… Eu imagino que muitas dessas coisas vão em métrica de negócio mesmo, em conversão, em booking de hotel etc, etc., mas… Tu usa alguma coisa pra medir a qualidade do design que você tá entregando…? Como é que é essa discussão dentro do time?
N: Não! Não sei! Ã… Isso é uma conversa que tá rolando agora na Booking muito forte também, e justamente porque a gente tá querendo… A comunidade de design é que iniciou essa ideia de: A gente vai fazer AB test pra tudo! Vamos começar a fazer outras coisas, ver valor do design e tudo mais… Mas daí ti… Né? O Business quer… Quer métricas, né? Então tá, beleza! A gente pode fazer… Não fazer AB test, mas como é que vocês vão provar que a gente tá… Dando certo? E aí agora, enfim, a gente tá tendo várias conversas sobre como a gente pode medir o sucesso do design, eu ainda não tenho uma resposta. Então, talvez, em breve.
A: E do ponto de vista… Aí tocando… Pra fechar esse bloco especificamente, mas tocando nessa questão de AB test, né? Que… Beleza, acho que o Booking é muito referência nisso… É… quais são os teus principais aprendizados sobre como fazer bons AB testes? E… E por que que vocês chegaram a conclusão de que só AB test não resolve?
N: Ã… Principalmente porque… O jeito que… Vo… Sempre você tem que sair de uma hipótese, né? Você tem uma suposição, você tem uma hipótese, daí você tem um experimento. Se você não sabe por que que você tá fazendo o AB testing, não faz sentido você fazer, porque você não sabe o quão bem-sucedido você vai ser. Então uma coisa que começou a acontecer muito na Booking era assim: Ah, eu quero mudar o botão da esquerda pra direita. Ah, faz um AB test e vê o que que converte melhor. Mas tipo… Qual é o intuito disso? Por que que tu quer mudar esse botão de um lado pro outro? Então… E esse tipo de pergunta que a comunidade de design começou a… Começou a trazer, e eu acho que é isso, assim… Você p… A gente quer primeiro entender o problema que a gente quer resolver, e porque que ele é o pro… Porque esse problema e não aquele outro? Acho que… Se você tem isso muito bem definido, aí beleza, você pode ir lá e fazer um AB testing. Se você só tá fazendo AB testing for the sake of it… Não sei como tem… Como traduzir isso… Mas enfim, só por fazer, você… Não faz sentido. Você pode… Pode ficar fazendo trabalho… Ficar ocupado o tempo inteiro, só mudando um botão de uma lado pro outro, uma cor de verde pra vermelho o tempo inteiro, e você vai estar ocupado e trabalhando, mas não tá agregando valor nenhum.
A: Beleza! Assumindo que AB test serve pra algumas coisas, e serve pra várias, Do que que… O que que são boas práticas em se fazer AB test?
N: Eu não sei. Ã… Eu acho que… Eu… Eu sempre digo que a gente não deve parar totalmente de fazer AB testing. E aí a… O que que acontece na Booking muito, é que… A gente quer mudar… Por exemplo, a gente queria mudar um e-mail, que era um e-mail enorme, que tinha várias coisas, e a gente queria completamente mudar esse e-mail. E aí… Eu e um outro designer a gente criou uma versão super clean do e-mail, com… Tipo… Baseado em pesquisa, baseado no que que o usuário tá procurando… Quer informação primeiro? Tudo direitinho… E aí, beleza! Tá! Então agora a gente vai testar, tudo a gente vai testar! Mesmo que a gente tenha todos os dados qualitativos possíveis.Só que aí pra testar, como era a mudança de um e-mail inteiro, o pessoal começou a questionar: Mas então a gente só muda essa primeira parte, primeiro… Ah, então essa… A segunda parte primeiro. Só que aí você não vai ter o impacto total de tipo, da experiência do novo e-mail, porque vai ser só algumas, alguns pedaços quebrados, assim… Então eu acho que uma boa prática, que é, foi o que a gente acabou fazendo é: Testa as partes mais importantes, talvez deixa um pouco das coisas antigas, mas vê se você consegue ganhar um primeiro sinal, se você conseguir ganhar um primeiro sinal, você consegue mudar, então, toda… Todo o e-mail de uma vez só, e aí, obviamente, testar todo ele de novo pra ver qual que é o impacto. Mas aí você faz pelo menos um meio termo e daí você muda tudo.
A: Legal! É… Voltando nessa relação de PM e designer, tu já tinha comentado anteriormente dessa questão, ah: Traz problema, não traz solução etc. Pensando no teu trabalho como UX, o que que tu espera desse PM pra de fato tu conseguir ser produtiva e tu conseguir fazer o que tu precisa fazer de uma forma boa ou excelente até… Então, o que que tu… O que tu espera dessa PM? Quais são as tuas expectativas sobre a Product Manager do teu time?
N: Coisas escritas, por favor! Não quero só ter conversas. Pra mim é muito frustrante quando a gente tem que… Tem um gatilho novo, uma coisa que a gente quer fazer e aí… É só uma conversa, mas não tem… Eu preciso ter, eu sou uma pessoa de muito contexto, assim… Eu preciso de muito contexto pra conseguir trabalhar. Então, o jeito que a gente funciona hoje é: A gente vai ter uma conversa, a gente vai conversar com post its, a gente nunca vai ter uma conversa onde só… Só é falado, sempre vai ter coisas visual. Ou post it ou no… No quadro branco, e depois disso a minha PM normalmente é responsável por escrever as conclusões. A gente tem um… Um documento que a gente chamada PRD, que é product record documents, onde a gente vai escrever pelo menos o que a gente sabe e o que a gente não sabe, e isso vai me dar a base pra entender: Tá, ok, eu posso começar a explorar esse problema por esse viés ou por aquele outro, sabe?
A: Tem alguma coisa hoje que tu diria que ainda não tá bem resolvida? Nessa relação tua com… Com essa PM? Tem alguma coisa que vocês ainda tão se batendo pra ajeitar? Sempre tem alguma coisa que a gente tá calibrando, enfim… Se tem, que coisa é essa?
N: Tem muitas! É difícil até de… De pensar. Mas eu acho que é… Principalmente, na verdade agora, a frequência com que a gente faz ã… Teste de usabilidade. A gente conversa muito com os usuários, mais no âmbito de descobrir problemas, mas pouco nos testes de usabilidade, porque a gente teve várias modificações na nossa track, no jeito como a gente trabalha, e a gente acabou perdendo um suporte que a gente tinha que era de recrutamento de usuários pra fazer teste, a gente não… Não tem mais a ajuda dessa pessoa, desses pessoais, ã… Então a gente tem que fazer isso por conta própria, e aí a gente tem muito mais outras coisas pra fazer, e a gente acabou deixando de lado. Então, pro ano que vem… A gente fazia pelo menos uma vez por sprint, o teste de usabilidade, agora, a gente tá há meses sem fazer, a gente tá… Ano que vem a gente precisa voltar a fazer, ã… E esse é uma das… Das grandes coisas que até antes de eu vir pra cá, eu deixei tudo organizadinho, ontem e hoje eles tão rodando um teste de usabilidade, depois de uns dois meses, e eu tô: Ah… Como é que tá indo o teste? Como é que tá indo o teste? Então, acho que isso é uma das coisas, e aí também entender, tipo: Quem que é responsável por isso? Agora a gente vai… Vai ter muito mais responsabilidade porque a gente perdeu o suporte desses times. Então, como que a gente vai recrutar? Como a gente vai… Vai rodar? Quem que vai… Vai ser… Moderar? Quem que vai facilitar? Ã… Ou tomar nota? Coisas assim.
A: Legal! É… E pensando na tua… Alguém na tua posição de UX designer, o que que tu acredita que um bom UX designer deveria tá fazendo? O que esperar de alguém nessa posição?
N: Eu acho… Uma coisa que um… Que qualquer UX designer não deveria fazer é ficar sentado na frente do computador o dia inteiro, todos os dias… Por semana. Ã… É importante que… Que a gente consiga fazer essa… Essa ponte entre: Bom, eu com o meu background, como eu falei antes, né? Entre… Ã… O negócio e en… E o time de desenvolvimento, e também ir além disso, de conversar com o gerente do gerente, conversar com as pessoas da empresa que… Que tem… Os stakeholders, que tão investindo no projeto, que querem saber do sucesso e entender o que sucesso significa pra essas pessoas, pra conseguir traduzir isso pra… No design. Enfim… Tem… Tem mui… Ferramenta, tem treino, todas essas práticas de design você consegue aprender online, de várias maneiras, mas realmente essa parte mais de liderança de design acho que é o que tu tem que praticar mais, ã… E só consegue fazer saindo do computador.
A: E… Bom, aí com mais de… 10 anos de carreira aí, entre… Passando por empresas como Dell, ThoughWorks, é… Booking… O que tu diria que são teus maiores aprendizados com relação a fazer produto? E a estruturar até time de produto de uma forma geral?
N: Eu acho que… Quando eu comecei a fazer design, eu era muito apegada aos meus designs, assim… Nossa! Olha só que legal isso aqui que eu criei, muito massa! Todo mundo vai curtir! E, na verdade, não né? Acho que o maior aprendizado é sempre… Que não é teu design, e… E eu vejo isso muito… Eu tenho alguns mentees, ã… Algumas pessoas que eu ajudo lá na Booking, e eu vejo muito essa mentalidade assim… De… De ser fechado, assim… Ah, é o meu design, como é que você vai criticar o meu design? A melhor coisa… O melhor pensamento que você tem que ter é: Isso aqui é um trabalho pras pessoas e pra empresa, eu só tô aqui… Sendo intermediária, interface entre o que o business pensa e o que o usuário recebe. E… E se você tem esse mindset de que o design não é seu, você vai ficar muito mais aberto a ga… A receber crítica, a melhorar o design, a falar com as pessoas, isso é muito importante.
A: O que que tu considera que são teus maiores erros, aí, na carreira durante design, que te geraram, obviamente, aprendizados depois disso?
N: Não sei. Nunca errei, mentira! Ã… Enfim, eu acho que isso é uma das coisas, assim, tipo… De tu ficar muito possessivo com as coisas que tu faz, que tu cria, e… Ã… E também de… Todas essas coisas, essas dicas que eu tô dando são… Puro aprendizados, né? Eu tive uma fase que… Eu não queria de jeito nenhum falar com ninguém: Ah, só me deixa aqui fazendo o meu sketch… Sabe? E eu acho que… Isso é uma coisa muito boa de você poder ficar na sua zona de conforto, ali sentado na sua cadeirinha, adoro passar dias ali só fazendo desenho de tela, mas… Ã… No final das contas vai ser pior, né… Então, acho que… Isso é… Isso é o que é um aprendizado.
A: Referências pra aprender sobre UX, pra aprender sobre o produto e etc. Tu tem alguma referência tanto de pessoas, quanto de livros, enfim… Coisas que tu poderia indicar pra quem tá… Querendo entrar nessa área de uma forma geral, ou que… Ou se aprimorar nisso?
N: Ã… Tem muito conteúdo, né? Eu sempre recomendo começar pelos pais da coisa, né? Que é o Jakob Nielsen, o pessoal lá do… NN Group, e… Tem muito material da Ideal 25:51 também que é bacana, que é bem metodológico, assim… Um… O meu designer preferido de todos os tempos chama Jon Kolko, ã… E ele fala muito mais sobre a parte de análise, síntese e entendimento de problema e coisa assim, eu adoro muito o material dele.
A: Por hoje era isso. Daqui a pouquinho a gente vai entrar no AMA. Então pra quem tiver perguntas aí, aproveita pra mandar as perguntas no link, que depois do intervalo a gente vai fazer os pontos pra Natalia também. Muito Obrigado!
N: Obrigada!
———————————————————————————————————————————–
A: Bom, agora a gente vai pro AMA com a Nat. Daqui a um pouquinho vão aparecer as perguntas que vocês fizeram ali no… No mural. É… Enquanto não aparece, eu vou puxando umas aqui. Mas… Nat, bom… A gente tava falando aí também agora há pouco… Acho que uma das coisas mais tricks aí de startup etc, é gestão do teu tempo, né? No teu dia a dia. Tu tem algum hack de gestão de tempo que tu usa o teu dia a dia pra conseguir ser mais produtiva?
N: Sim. Eu uso bullet journals. É… Foi uma bênção na minha vida. É… Basicamente, se você procurar por bullet journal no Google vai encontrar vários exemplos, mas é basicamente você fazer uma lista dessas coisas… Eu faço assim, eu faço uma lista das coisas que tenho que fazer durante a semana, e eu priorizo sempre 3 por dia, eu não vou fazer mais do que 3 coisas por dia. Então, todo o dia na segunda-feira eu sento com a minha PM e falo: Ah, o que que você acha que eu deveria priorizar hoje? E ela me ajuda a priorizar quais são as 3 coisas que eu tenho que focar. Se passar de 3 eu digo: Não! Acho que…Vamos fazer essas aqui porque já tá bom. Às vezes eu acabo a semana tendo tempo livre, o que é ótimo, porque daí você realmente tem aquele ócio, né? Aquela coisa de tipo ter um tempo realmente pra olhar ao redor, assim… E às vezes você acaba ocupando a semana inteira com um dos i… Dos três. Então acho que é… É bacana de priorizar 3 itens por dia.
A: E o que que tu diria que é uma ferramenta de trabalho indispensável pra ti? No teu dia a dia?
N: Post it. Verdade.
A: Como é que funciona a segmentação cultural versus teste AB no Booking? É… Diferentes culturas podem ter resultados diferentes para o mesmo teste AB, né? Pode falar dos resultados e que decisões são tomadas?
N: Sim. A gente tem uma ferramenta de teste AB que foi criada interna, a gente tem um time interno de teste AB que só cuida dessa ferramenta. Então, você sempre vai fazer a segmentação… A maioria dos nossos testes a gente vai fazer pra toda… Toda a população, todos os países, e aí gente vai… A gente consegue ver direitinho a segmentação de como que tá sendo aceito em cada um dos países, e você pode colocar ele full long: que a gente chama, colocar ele, ã… No ar, por país se você quiser também, e aí a partir disso começar a fazer testes específicos pra cada um dos países, dependendo do resultado que você tem, mas a gente tem bem direitinho segmentado.
A: Como o booking vê a questão de ética no limite entre os estímulos, o senso de urgência e dark partners?
N: Eu adoro essa pergunta, ela sempre aparece. Ã… Então, né… Book now… One room left… A gente tem um time que cuida só desse… Dessas mensagens, e enfim… Tem várias questões legais que já aconteceram, a Booking já foi processada várias vezes, eu gosto de falar verdade, então desculpa Booking! Mas a… Mas enfim… É muito controverso, e na comunidade de design a gente discute isso o tempo inteiro, sobre como fazer com que essas mensagens sejam menos intrusivas, ã… E mais benéficas, né? Porque elas realmente têm os benefícios, ã… Tanto que até o Airbnb copiou essa estratégia, né? Então, não é uma coisa que… Que a Booking tá fazendo porque a Booking é má, e porque a Booking tá mentindo. Nada do que tá lá é mentira, né? A gente… A gente seria processado, o site não estaria no ar se a gente estivesse mentindo. Mas… Claro que não é a cada segundo que a gente tá vendo se só tem mais um quarto também. Então, tem as entre linhas, essas coisas, ã… Mas enfim, existe um time de Legal e… E um time de produto que trabalham juntos pra fazer com que essas mensagens sejam claras, não sejam tão pushes, não sejam tão na cara do usuário. Ainda tem muito… Muita coisa pra melhorar, com certeza, mas a gente tá sempre dando uma olhada nisso, já foi muito pior.
A: Quais dicas você daria pra quem deseja trabalhar no tipo de produto da Booking?
N: Depende de o você quer dizer com um tipo de produto da Booking, assim… A Booking é um e-commerce, mas a Booking também é um produto, ã… Na indústria de… De travel, né? Indústria de viagens, na indústria de hospedagens, na indústria de experiências, na indústria de… De carros. Hoje em dia a gente… A gente oferece carros, a gente oferece acomodação, a gente parece apartamentos, a gente oferece, enfim, atrações, várias coisas. Ã… Mas no final das contas é um marketplace, né? É uma ferramenta que… De… B2C, e que também tem um lado B2B. Eu… Eu trabalho, na verdade, eu não trabalho no front end da Booking, no booking.com, eu trabalho na… Na ferramenta interna pros hotéis, que é a nossa extranet, no caso.
A: Quais principais ferramentas de trabalho que tu usa atualmente? Tu já falou do post it e do journal, mas tem alguma outra ferramenta no teu dia a dia?
N: A gente usa o Figma, pra design, tem sido muito massa, a gente usava antes o Sketch. Então se… Você tinha que… A gente usava o Sketch, daí colocava, ã… Fazia push no GitLab dos arquivos pra ter eles compartilhados com os da empresa, era um… Era uma coisa muito louca, e hoje, com o Figma, todo mundo consegue trabalhar num mesmo arquivo de design, tudo tá num… Num mesmo lugar, todo mundo consegue acessar, tem sido muito bacana, a gente trabalha lá com copywriters também, então a gente tem os UX writers e eles conseguem editar, ã… Os textos direto nos design e isso sim acelerou muito a nossa produtividade, tem sido muito legal, recomendo muito.
A: Quando o PM e o UX trabalham juntos… Quais atitudes que o PM faz que pode deixar o UX muito chateado? E quais coisas podem deixar muito chateado sem razão?
N: Com razão: Pedir pra eu fazer um protótipo de uma solução. Assim, não, eu não sou uma máquina de criar protótipos. Eu acho que é… E sem razão, talvez seja uma coisa que às vezes eu fico meio chateada, mas que é um defeito meu, que eu tenho que trabalhar, é tipo… Quando o PM: Ah, a gente precisa fazer mais pesquisa com usuários… Sim! Mas eu sou designer, eu que digo quando que a gente vai fazer pesquisa. Não é verdade, não é verdade… Então, é uma coisa muito de… é um mundo novo esse onde os PM se preocupam com o usuário, pra mim isso é uma novidade imensa, nunca vi isso acontecendo antes, então, eu tô achando muito legal essa… Essa nova jornada, mas é um aprendizado, assim… Tipo: Ah, é verdade! A gente tem que ir junto, a gente é um par, a gente vai fazer isso junto.
A: Vocês gerenciam design debit de alguma forma lá na Booking? E se sim, como?
N: É… Um menino tinha me perguntado essa antes, ali… Ã… É… Então, a gen… Sim, a gente faz… Uma coisa que eu comecei a fazer, é… A gente chama de papercuts, sabe quando você se corta com o papel? Que é um cortezinho bem pequeno, mas que dói um monte? A gente chama o… O débito de UX de papercuts, que são os cortes de papel, então perto da… De onde a gente faz a standup, a gente tem uma… Uma parede, que tem… Que é papercuts, papercuts, e aí a gente coloca post its. Então são pequenas coisas de UX que são… Que tão incomodando… Ah, sei lá, um negócio não tem uma animaçãozinha, que devia ter, ou tá… Tá… Tá errado a… O layout, enfim… Coisinhas pequenas que podem ser feitas em 1 dia, a gente coloca como papercuts, e durante a standup a gente olha: Ah, tem algum papercut que a gente pode pegar hoje? Ah, a gente pode pegar esse aqui! E aí fica visual, não fica no fundo do backlog e a gente lembra de dar uma olhada.
A: Como é que vocês definem esses papercuts? Tipo… O que que é um… Um UX debit?
N: São, normalmente, pra gente… Os papercuts em si são as coisas que podem ser feitas em pe… Em algumas horas, tipo, você não vai tomar o dia inteiro fazendo isso. Se é uma coisa maior, às vezes a gente vai botar um papercut que… Na verdade é uma coisa muito maior, e daí o desenvolvedor vai chegar no outro dia e dizer: Ah, ainda tô trabalhando nisso daqui. Ah, então para! Não… Isso… A ideia não é que você trabalhe nisso, você tem que trabalhar nas prioridades do backlog, isso daqui deveria ser rápido, se não é, a gente coloca no nosso backlog de discovery, e aí a gente vai ver como é que a gente pode fazer essa solução.
A: Como coordenar essa quantidade massiva de testes AB que tem no Booking? Quais ferramentas vocês utilizam pra facilitar ou fazer os testes em si e coletar esses resultados?
N: É… Então… a gente tem uma ferramenta interna, como eu falei antes, então é um pouco difícil de eu responder essa pergunta. A gente tem um time que faz essa ferramenta específica pra nós, eu acho que talvez essa seja uma dica, né? Ter algumas pessoas, pelo menos por um tempo, que são responsáveis em organizar esse processo pra que ele seja o mais fluido possível.
A: Como funciona a estrutura de times do Booking? Fala um pouco sobre o teu time e como ele é estruturado.
N: No meu time, ã… Hoje… Eu sou designer, aí eu tenho uma PM, eu tenho uma PMM, que seria product marketing, e um desenvolvedor front end e um desenvolvedor back end, e daí a gente tem recursos que são compartilhados, que seria uma pesquisadora, um QA, né? Ah, e copywriter.
A: Falou sobre documentação. Como é que funciona o teu processo de trabalho hoje? E… E a relação de trabalhar com outros designer, né? Dado que tem 300 designer na Booking?
N: Tem muito designer. Ã… Enfim… Processo de documentação… Depende, tipo… No… Tem o nível do time, tem o nível de track, tem o nível de booking geral, como tá falando sobre os designer, vou falar um pouco sobre Booking em geral. Nem todos os designers precisam saber sobre tudo que tá acontecendo em cada um dos seus times, né? Então por isso que normalmente os designer das tracks, que são normalmente os times que têm mais relação, eles vão… A gente se organiza, né? A gente tem uma reunião semanal e a gente tem um evento de um design critic semanal também, que todo mundo tem que trazer os designs que tá trabalhando no sprint, e a gente discute um pouco, ã… E aí também tem… A gente tem um documento que a gente precisa ainda ter uma solução melhor, mas enfim, é um Google slide giga monstro, onde todo mês todos os designers adicionam telas do que que foi pro ar, naquele mês, dos seus designs. É enorme o negócio, tem um índex gigantesco. Enfim… Tem um… Tem um time, um time não, um sideproject de uma galera que eles tão tentando arranjar um outro jeito de fazer com que… Com que a gente consiga ter essa visualização, mas hoje em dia é um Google slide gigante.
A: Como você vê o design system? É um mal necessário?
N: Eu acho que é um mal necessário. Mas depende, né? Às vezes você vai aplicar um… Um… Um design system em uma coisa que… Que não faz muito sentido, tipo: Quando a Booking começou a fazer design system, ele era dedicado ao frontend, ao booking.com. A gente: Ah, quais são as cores… A gente tinha mais de 1000 cores no site, a gente reduziu hoje, tem tipo… Algumas, não sei quantas, mas são pouquíssimas. Então foi um… Foi um trabalho muito gigante, acho que demorou uns 2 anos pra gente trabalhar só nas cores, ainda deve ter algumas cores perdidas lá. Ã, mas enfim… E aí a gente aplicou o design system no frontend e funcionou muito bem. E aí… E eu… Hoje trabalho, não no frontend, no backend, que seria junto com os hotéis, né? Ao invés de com o consumidor de viagem, e a gente decidiu aplicar o mesmo design system pro nosso lado. Só que o que acontece é que o público é diferente, né? Então as coisas são muito mais detalhadas, a gente tem muito mais tabela, muito mais um formulário, muito mais coisas assim, ã… No lado dos hotéis e das acomodações, do que no lado do consumidor. Então você não tem como aplicar um forme todo clean, todo bonitão que vai ter tipo um scroll gigantesco, né? Então você tem que sempre pensar que o design system ele tem que servir o propósito pro usuário que vai usar aquilo. Não adianta você só replicar isso de um lado pro outro, só pra ficar bonito e… E… Coerente, quando na verdade ele não tá fazendo a função que ele deveria.
A: Pra onde vão o PM e UX na descoberta? Eles têm que andar sempre juntos? Não tem? Enfim, como é que é esse… Essa dupla funciona aí?
N: Eu acho que é bem comum a gente dizer que sempre andam juntos, né? Mas talvez seja realmente uma simplificação, talvez não seja sempre juntos… Ã… Divide and conquer, né? Eu acho que… A gente pode dividir o trabalho e… Pra… Pra conseguir chegar a um resultado mais rápido, ã… Uma coisa que acontece muito comigo, e eu não sei se… Se deveria ser assim, mas eu já falei um pouco sobre isso antes, é que normalmente nos times que eu trabalho o meu PM, a minha PM, ela vai ficar mais responsável pela parte de descoberta interna da empresa, né? O que que outros times já fizeram? Que, quais são… O que que tá no escopo de outros PMs? Ã… O que… O que que a gente já tem de pesquisa? Enquanto eu vou tá pensando pro lado mais de fora da empresa, né? O que que… O que que a gente ainda pode pesquisar? O que que tá faltando nessa informação que o PM tá trazendo? Esse tipo de coisa assim.
A: Como você faz um balanço entre discovery e delivery? Né… Delivery no sentido de dar suporte pro time de desenvolvimento…
N: Basicamente eu acho que… O discovery ele tá sempre acontecendo, né? Não tem uma… Ah, agora a gente tá no discovery… Ah, agora a gente tá no delivery. Tá sempre… Você tá sempre descobrindo coisas, você tá entregando, se você não tá ven… Descobrindo o que que você tá entregando, e se isso tá funcionando, você não tem como simplesmente entregar e ir embora e não ter mais discovery. Ã… Mas enfim… Eu normalmente trabalho um sprint antes, digamos assim, pra preparar as histórias que os desenvolvedores vão estar codando naquela semana. Então, Ã… Eu vou fazer os designs, a gente vai fazer… Uma sessão de feedback com os desenvolvedores, eles vão dar uma olhada, a gente vai testar com usuário e aí a gente vai quebrar em histórias, vai ir pro backlog, vai ser priorizado, e enquanto eles tão trabalhando nessas histórias, eu já tô pensando em outros designs, em outras coisas que têm que ser feitas, ã… Mas eu tô sentada do lado deles.E eu e o meu frontend developer a gente ti… Eu me dou tão bem com ele quanto com a minha PM, todo o tempo ele vem assim: Bah… Olha só… Eu acho que essa animação aqui é melhor do que a que você tinha proposto. Ou: Ah, quem sabe a gente põe o botão pra cá, ao invés de… Ele tá sempre me dando dicas e a gente tá sempre ã… Inteirando nisso, mesmo quando tá, ã… Na fase de delivery. Então acho que você tem que tá sempre presente junto com o time.
A: Conta um pouquinho pra gente o que que é a… Característica que tu considera ser um PM dos sonhos? O que que essa pessoa tem e o que que ela não tem?
N: Gente! Não existe um PM dos sonhos! Não existe um designer dos sonhos! Não existe! É… Não sei, é difícil essa, ã… Mas enfim… Eu já falei um pouco sobre isso antes, eu acho que… Que pra mim o PM… Eu sou uma pessoa que sou muito contextual, uma das coisas que eu admiro muito na minha PM é que ela consegue ver quando eu tô indo muito profundamente num assunto, ou alguma coisa assim: Não! Já foi demais, aqui… Até aqui tá bom. A gente já consegue partir disso. Né? Então… Vai… Fazendo a coisa acontecer, assim… Eu acho que… Ã… E também uma característica que eu já vi negativam e que quando ela positiva você nota direto, é quando o PM realmente acredita no produto. Tem muito PM que: Ah, tá ali, é meu trabalho… É fazer esse produto aqui, mas você não tá muito interessado em saber se a gente vai conseguir atingir o que a gente se propõe, ou nem… Nem sabe o que que é tá sendo proposto, sabe? Então o… O PM ele realmente tem que ser o dono daquele produto, ele sabe onde a gente tá indo, e ele vai guiar o time pra a gente chegar lá.
A: Como você vê o overlap na tomada de decisão do PM e designers? É, então.. Enfim… Produto e designers? Overlap de decisão…
N: Ã… É… Não sei… Não sei se tem um overlap de decisão, acho que é uma decisão que a gente normalmente tem que tomar em conjunto, né? E se… Se o PM e o designer não tão concordando em o que fazer, ou até o desenvolvedor não concorda com a decisão do designer ou do PM é porque você não fez pesquisa o suficiente. Porque se você sabe o que que o seu usuário quer, ou se essas… Essas… Se chega nesses níveis de indecisão, você vai e pergunta pro usuário, e aí ele é que vai responder o que que você tem que fazer ou não.
A: A gente já falou um pouco disso, mas… É… Vocês têm métricas específicas pra design? Se sim, quais?
N: É… Então… Eu falei um pouco sobre isso antes. Não. Ã… A Booking tá passando agora por uma transformação eu diria, os designers tão puxando muito pra que a gente consiga trabalhar mais no valor do design, ao invés de só medir tudo com AB testing. Então, isso é um processo ainda muito novo pra a gente, de vê assim, tipo… Porque a gente sempre fala: Ah, o design tem muito valor, a gente precisa sentar na mesa, a gente precisa dar mais valor pro design. Mas daí tipo… Tá, então como que você vai medir isso aí? Ninguém tem a resposta, né? E eu também não tenho a resposta, então… Vou ficar devendo essa.
A: O caso de vocês é especialmente complexo porque tem todo esse negócio, de novo, de conversão, etc., que é muito característico de ecommerce com a experiência em si, né? E aí como é que equilibra essas duas coisas?
N: Em qualquer modificaçãozinha que você faz, você tá afetando um monte de gente, né? Então é bem complicado.
A: Pode falar um pouco sobre Kanban e Scrum, enfim… Metodologias ágeis de forma geral, do ponto de vista do designer… Tem vantagens e desvantagens de usar isso? Não tem? Enfim, como que é teu dia a dia?
N: Eu acho que ã… Kanban e Scrum e metodologias ágeis enfim, elas surgiram no campo de desenvolvimento de software, né? Então é uma coisa muito mais de desenvolvedor, e eu acho que facilita muito. O que… O modo como o designer se envolve nisso não é dentro… Eu… Eu não vejo que seja dentro desse processo, porque o designer trabalha normalmente um pouco antes disso, né? No âmbito mais do problema exatamente. Então, ã… O Kanban e o Scrum, e qualquer outro tipo de metodologia ágil, ele te dá uma… Uma excelente visualização sobre o que que tá sendo entregue pelos desenvolvedores, e te dá também mais tempo pra você dedicar pra eles, porque você sabe: Ah, eles tão trabalhando nessas 3 histórias, então eles vão ter dúvidas sobre esses assuntos. É muito mais fácil de você, ã… Gerenciar o seu tempo se você sabe exatamente o que que eles tão trabalhando.
A: Falou muito sobre mentores. É… Como a funciona a mentoria pra designers? É técnico? soft skills? Enfim… Como encontrar o melhor mentor pra mim? Ou pra qualquer designer?
N: Legal! Na… Na Booking a gente tem um programa que também foi a comunidade de design que trouxe, que é de mentoria pra designers, a gente tá tentando agora expandir pra ser de mentoria pra outros cargos, mas ele começou na comunidade de design. A gente faz um… Um… Um speed dating. Ã… Então a gente tem um evento de speed dating onde quem quer ser mentor vai ter tipo, um negocinho de mentor, quem quer ser mentee vai ter um negocinho de mentee, e daí os mentees e os mentores vão ter um dating lá de 2 minutos pra conversar sobre o que que eles querem aprender e o que que eles sabem ensinar, enfim… Daí depois desse evento a gente vai mandar um formulário pra todo mundo onde você pode escrever: Ah, os meus top mentores são esses. E: Ah, as pessoas que eu gostaria de ser mentor são essas, e aí a gente vai fazer um matching interno pra ver… É muito bacana, funciona muito bem, eu já tive vários mentores, já tive alguns mentees também. E é bacana porque normalmente dura 6 meses e daí a gente tem outro speed dating que você pode trocar e você pode aprender com diversas pessoas de dentro da empresa.
A: Review, é… Como fazer? É o designer que tem que puxar? É PM? É… Quem que puxa review do time?
N: Sim, a gente chama de demo. Ã… No final do sprint a gente normalmente tem um demo session, que só pode ser working software, então, não pode ser… Não pode tá na máquina da… Do desenvolvedor, tem que tá em staging, ã… E todo mundo… A gente faz isso com… Com… Não é só meu time daí, são alguns outros times que a gente tem coisas em comum, e daí os desenvolvedores apresentam em staging o que que eles vão… Ã… Vão lançar pra produção.
A: Consegue falar sobre algo que deu muito errado? É… Quais foram os reflexos e o que tu aprendeu com isso?
N: Talvez uma coisa que eu vou falar no meu… Tô dando todo o meu Keynote aqui, vocês não vão precisar mais assistir… Ã… Uma coisa que… Que eu fazia muito na Booking… É porque como eu trabalhava na ThoughWorks antes, a ThoughWorks ela tem muito processo, né? Ela tem… Ela segue muito processos, e um dos processos que era muito forte era o Lean Inception, né? Que é, ã… A ideia de você criar… Ã… Enfim, ter… É quase que uma descoberta, né? Só que pra… Pro projeto, eu vou falar um pouco mais sobre isso depois, mas enfim… E isso durava uma semana na Thoughts com todos os projetos, e na Booking ninguém tem uma semana pra ti, você nunca vai conseguir pegar uma pessoa e botar dentro de uma sala por uma semana pra falar sobre qualquer assunto. Então… Isso… Isso… Várias vezes deu muito errado porque eu tentava fazer algum tipo de workshop de uma semana, mesmo que seja um design sprint, e as pessoas não ficavam na sala por uma semana, era im… É impossível! Ã… Eu cheguei a ficar muito frustrada, assim… Tipo: Poxa, como é que a gente vai fazer as coisas se… Se as pessoas não tão dando tempo, né? E aí eu aprendi que na verdade… Você não pode pedir o tempo das pessoas, você tem que… Entender que… E usar o tempo que elas têm pra ti, né?
A: Que dicas você daria pra quem tá começando como UX?
N: Primeiro… Jakob Nielsen, já falei sobre ele antes. The design of everyday things, o design das cosias do dia a dia. Eu acho que esse livro é o primeiro livro que qualquer pe… Na verdade nem só designer, né? Mas de produto qua… Todo mundo que trabalha com criação de novos produtos deveria ler, porque ele te mostra que na verdade, ã… Te dá essa perspectiva que tu não tá criando as coisas para… Simplesmente por criar, tu tá criando… Tu tá modificando o mundo quando você coloca alguma coisa pra fora do escritório, não é mesmo? Porque é uma coisa nova que não existia antes e que agora existe. Então, como que você faz isso… Isso direito? Como que você impacta de forma positiva a vida das pessoas?
A: A pessoa designer, né? Compartilhada entre missões, é… Mas de um time, tem chance de dar certo? Ou isso atrapalha… No teu trabalho também? E se tu já passou por isso?
N: Eu já quase tive burnout fazendo isso, não… Não vale a pena! É porque… Não sei, talvez… Talvez tenham pessoas que consigam fazer isso, mas eu… Como eu falei antes, eu sou uma pessoa que gosta muito de contexto, então… Eu… Eu me dedico muito àquele assunto, e se eu tenho que mudar de contexto, ã… Mesmo que seja a cada uma semana, pra mim aquilo é um distúrbio emocional, assim… É tipo: Ow, é outro set de usuários, é outro set de pessoas… Hoje em dia eu te… Eu sou designer pra três times, na verdade, mas eu tenho um time principal, os outros times eu dou um pouco de suporte, e eu sempre tento encontrar alguns outros designers pra tipo: Ah, olha só, tem essa necessidade aqui e não sei o que. Então não é uma coisa que precisa de um designer 100% do tempo, mas, ã… A gente já tentou fazer um squad de designers, onde a gente dava suporte pra todos os times, de acordo com a necessidade, mas a gente sempre acabava cada um indo mais profundamente em um assunto e liderando daquele lado, assim…
A: Como é o desenho organizacional do Booking? É… Como é que os times de desenvolvimento e de produto estão orientados? Tu também já falou um pouco isso, eu sei que o Booking é enorme, então se quiser de repente reduzir a área é… De… De B2B ali, mais interno também, enfim… Mas como é que tá organizado o time de produto do Booking?
N: Ã… Então, a gente tem… São três departamentos principais… Tecnologia, produto e marketing. E daí os PMs são de produto e design e copy e desenvolver é tec. Isso tem gerado algumas discussões sobre: Deveria ser assim, às vezes, tu como designer tu vai ter um… Um gerente que é super técnico, não sabe nada sobre o teu trabalho e isso acaba prejudicando a tua avaliação no final, então, a gente tá fazendo vários testes agora tendo um design manager, um copy manager, um researcher manager que são daí as pessoas que entendem do teu trabalho, assim… Ã… Mas enfim, a gente tem esses departamentos, e daí vão ter alguns níveis de diretores que… né… A minha sinceridade às vezes… Mas enfim… Às vezes nem sabe o que eles fazem, mas eles tão lá… E aí tu vai ter os… Os times, vai ter uma track, que seria tipo, vários times, e saí os times in… Internos, enfim.
A: Como é a experiência de trabalhar com produto que… Tem usuários espalhados pelo mundo todo?
N: É muito louco! Bom, não sei, às vezes na verdade eu acho ruim, porque tu não tem um foco específico, né? Tu tá sempre fazendo design pra todo o mundo, basicamente. Então… E é muito difícil tu… Tu dizer: Ah, mas a gente deveria focar mais nos… Nos usuários de hostels… Ah, mas os usuários de hostels é um add case… Só na Booking é um add case, é uma galera, entende? Então os add cases da Booking eles são muito enormes, eles são uma start up inteira. Então esse tipo de conversa às vezes é um pouco frustrante, mas o bacana é quando a gente prioriza algumas coisas. Ah, a gente priorizou um mercado japonês, a gente vai lá e faz pesquisa no Japão, sabe? E isso é muito legal, eu gosto bastante dessa experiência.
A: Parece existir um caminho muito claro aí de… Um UX designer… Pra assumir o escopo de um PM, por exemplo, É… Até pra precisar entender de cliente e produto, a mesma coisa que um PM precisa fazer, você pretende virar PM?
N: Olha… Né? Acho que é uma trend agora… Por isso que eu tô… Acho que a gente tá agora num momento muito peculiar e de muita mudança na… Na… Na tecnologia, enfim…Onde design e produto tão começando a meio que… Se consolidar em uma coisa só, de certa forma… Não sei exatamente, acho que ainda tem… Tem muita novidade nessa área pra… Pra aparecer, assim… É uma coisa muito nova. Eu já pensei muito em virar PM, já me ofereceram várias vezes, ã… Já me ofereceram pra ser team lead também, então, eu acho que… Que é muito dessa coisa que é o que eu valorizo nos profissionais que é tipo: Você não é dono de uma disciplina, sabe? Você tem que fazer o que o produto precisa. Eu sou uma pessoa assim, tipo: Ah, não tem ninguém fazendo a pesquisa, eu vou lá e vou fazer a pesquisa. Não tem ninguém fazendo frontend, eu vou lá e vou fazer o frontend. Então é… É… Ou então encontrar as pessoas que podem fazer isso, sabe? Saber as pessoas e chamar elas pra fazer. Eu acho que é muito… Design e PM tão virando cargos de liderança de produto, de lideranças dentro do time, e o overlap tá ficando tão grande que talvez daqui a pouco vai virar a mesma coisa? Não sei…
A: Designer que te inspira e por quê?
N: Eu já falei antes, ã… O meu designer favorito é o Jon Kolko, ele… É de Austin, no Texas, e… E ele fala muito sobre análise e síntese de dados e… Muito mais, assim, no âmbito de entender problemas. E ele fala muito sobre problemas críticos sociais, e… Eu acho que… Isso é uma das coisas que mais me inspiram hoje, assim.. É pensar no design for good, né? No design pro bem, assim…
A: Ã… No Booking, desinger coda, e sobe em produção esse código? Pode contar um pouco mais sobre isso?
N: Sim. Ã… Quando eu entrei na Booking você precisava obrigatoriamente saber fazer html e ccs, pelo menos, e na minha primeira semana eu fiz um relógio pra produção. Foi lindo, ele teve que ser rolled back depois, mas enfim… Ã… Mas hoje em dia tá mudando um pouco, a gente já tá testando algumas entrevistas que não precisa… Os designers não precisam codar. Eu, quando eu entrei na Booking, por dois anos eu codava, todos os designers que eu criava. A gente tem essa filosofia, se você faz a tela, você tem que saber implementar a tela, existia isso. E daí rolou um monte de discussão: Mas eu não quero fazer isso, não gosto de código, tá tudo quebrado esse environment…Enfim… E aí agora, hoje, fazem dois anos agora, que eu não faço código, eu não toco em código, eu trabalho muito mais no lado de negócio e… Enfim… Agora a gente tá começando a contratar pessoas que têm mais essa… Esse outro lado de design.
A: Quase parecendo os alcoólicos anônimos: Fazem 2 anos que eu não… Um badzinho…
N: Exatamente! Fazem dois anos que eu não codo!
A: É…. Como UX você trabalha no nível de protótipos, usabilidade e validação, ou entra no nível de pixles? Como funciona essa relação?
N: A gente tem o design system interno, que daí ele meio que dita pixels, né? Porque a gente tem lá os componentes, a gente tem os tipos de espaçamento, as tipografias, ã… E aí como designer no dia a dia tu não precisa se preocupar muito com isso, mas sim, a gente faz, ã… Protótipos… Eu faço protótipos bem… Bem… Como que chama? Realistas. Tentando mostrar pro time exatamente como eu espero que o resultado final seja, quanto mais próximo disso melhor.
A: Legal! É… Pra gente fechar, acho que… Enfim… Nesses 10 anos aí de experiência, a gente já falou, de novo, Dell, ThoughtWorks, Booking e por aí vai… É… Com certeza tu aprendeu… Teve algum aprendizado, é… Que tu recebeu de alguém ou que tu desenvolveu ele, e que sempre que tu tem oportunidade tu passa ele pra frente, que aprendizado é esse?
N: Pensar fora da cabeça. Eu acho que… Como eu falei antes, também, né? Por exemplo, a Booking é um lugar muito diverso, onde inglês não é a língua primária de várias pessoas, e… Mas a gente tem todo mundo que se comunicar em inglês, e escrever as coisas… Eu nunca vou pra uma reunião… Até os meus desenvolvedores me chamam de post it girl, porque eu sempre tenho post it em qualquer lugar que eu vou, mesmo que seja pra tomar um café eu levo um bloquinho de post it e uma caneta, e eu fico anotando as palavras-chave, tudo que é palavra-chave que surge eu colo… Eu colo na parede, ou na mesa e a gente vai conversando em volta daquilo. Porque aí você não tá perdendo tempo tentando toda vez voltar pra aquele pensamento que a pessoa quis dizer antes, mas que na verdade foi mal entendido. Então tentar externalizar o que você está pensando é um exercício muito importante.
A: Muito obrigado! Ã… Eram esses os pontos que tinham pra hoje. Esse episódio e os outros do Product Backstage vão tá disponível em productbackstage.com.br, Spotify, iTunes, Google Podcasts e isso aí…
Escute esse podcast no Spotify clicando aqui.