Essa é a transcrição do podcast “Episódio 9 – “Technical Product Management com Gabriela Rojas”. O link para ouvi-lo está no final desse conteúdo.
A convidada do nono episódio do Product Backstage é Chilena, mas já está no Brasil desde 2014. Há quase 6 anos na Nubank, Gabriela Rojas despertou o interesse na carreira de produtos ainda na faculdade, no curso de engenharia da computação, quando também montou uma startup, com dois colegas da universidade, que fazia software para clientes reais.
Buscando novas experiências, após 2/3 anos de startup, Gabi decidiu que queria testar uma coisa nova, diferente, queria de fato entender o que era trabalhar em uma empresa grande, com chefe. Então começou a trabalhar como engenheira de pesquisa e desenvolvimento na Latam. Lá começou a entender alguns problemas e começou também a fazer um pouco de product manager, sem entender que o que estava fazendo era product management.
Em nossa conversa super descontraída e com boas risadas, Gabi conta pra gente qual é a real função do Technical Product Manager. Parece confuso, mas é nada mais nada menos que um PM onde seu produto é um produto mais técnico, e o seu usuário não é um usuário padrão que é o cliente final, mas sim um usuário de dentro da empresa. Quer saber mais? Acompanhe nosso papo que Gabi vai explicar tudo!
A: Sejam muito bem-vindos a mais um Project Backstage. Hoje eu tô aqui entrevistando a Gabi, dessa vez eu não precisei sair de casa, então eu tô aqui no Nubank, e tô aqui pra bater um papo com a Gabi. Então Gabi, muito obrigado pelo teu tempo, obrigado por tá… Sei lá se é obrigado, né, mas tô roubando um tempinho do Mateu aqui, então desculpa por isso, mas enfim… Obrigado por tá aqui conversando comigo hoje.
G: Obrigada por me convidar, e peço desculpas já com meu português que hoje tá um lixo mesmo.
A: Teu português é ótimo Gabi. É, bom, como tradicionalmente eu pergunto aqui a ideia é conhecer um pouquinho de ti, então se tu puder falar um pouquinho da tua trajetória, como é que tu chegou aqui no Nubank… Eu sei que tu não nasceu no Brasil, então, onde é que tu nasceu? O que que tu estudou? Enfim, como é que tu chegou até aqui?
G: Tá… Quando eu escuto a palavra trajetória, eu fico com medo porque eu não sinto que tem uma trajetória, mas… Mas vamos lá… Então, eu sou a Gabi, sou do Chile, estou no Brasil desde 2014, no Nubank desde 2015, eu não gosto de falar que sou um product manager porque eu trabalho como product manager, então acho que, bom, isso abre muitas conversas, mas eu acho que o trabalho não define as pessoas, tá? Então, eu trabalho com o product manager já há um tempinho, como eu cheguei até aqui? Então, vamos lá… Eu comecei… Bom… Eu sou engenheira de computação, na verdade é um duo, então industrial e computação lá no Chile, aí eu sempre gostei mais da parte de computação e quando ainda estava na faculdade eu fiquei com vontade de fazer produtos. Então, eu montei uma startup junto com 2 colegas de universidade, da faculdade lá, e a gente criou uma empresa e começou a fazer software pra clientes reais, eu nem tinha ainda me graduado da faculdade, né, formado aqui no Brasil.
A: E tu trabalhava como desenvolvedora nesse momento? Dentro da tua empresa?
G: Isso, exatamente! Eu de fato codava, mas também eu comecei a entender que eu gostava muito de entender o problema do cliente e desenhar a solução, codar e shippar. Tipo… Comecei a entender que gostava muito do processo todo, e aí, bom, enfim, me formei e a gente continuou na empresa e aí eu… Depois de uns 2, 3 anos, eu decidi que eu queria testar uma coisa diferente, queria de fato entender o que que era trabalhar numa empresa grande, com o chefe, né, e aí eu fui pra trabalhar na Latam, que na época era a Lan, lá no Chile, eu comecei como engenheira de pesquisa e desenvolvimento, também codando, mas ao mesmo a tempo já entendendo alguns problemas e começando a fazer um pouco de product manager, sem entender que isso era product management, nunca tinha escutado falar de product management, até que eu decidi que eu gostava… Queria explorar um pouquinho mais a parte do leardership, um pouquinho mais de business… Entendi que eu me movimentava tanto pela parte de tecnologia quanto a parte de business, então decidi fazer o MBA, né. Então fiquei 2 anos… Vai, você tem perguntas?
A: Eu só ia perguntar quando é que tu entrou na Latam, na Lan?
G: Eu entrei em 2009.
A: 2009…
G: Tá, você vai me perguntar quantos anos eu tenho?
A: Não! Não vou chegar nesse ponto!
G: Bom, eu vou falar, eu tenho 35 anos.
A: Tá, chegou então na Latam em 2009 e daí tu ficou quanto tempo… Daí quando tu fez MBA tu saiu da Latam? Ou tu continuou?
G: Isso, eu fiquei até 2000 e… É, eu acho que eu entrei em 2008/2009, mas eu fiquei… Eu entrei em 2012 pra fazer MBA. Isso! Então acho que fiquei na Latam uns 3 anos, 3 anos e pouquinho. Bom, fui fazer MBA, fiquei 2 anos nos EUA fazendo MBA, aí entendi: opa, tem essa coisa product management? Topo! Né… E aí fiz meu summer na Group em São Francisco, adorei, e aí aconteceu que por assuntos pessoais eu decidi que não queria ficar nos EUA, e aí tive uma proposta de uma empresa grande de telecom pra vir pro Brasil, eu topei, meu marido foi transferido do Chile pra cá, né, e por isso que a gente tá no Brasil. E daí, depois de um tempinho, eu entendi que eu queria testar uma empresa pequena de fato, que eu queria focar bem mais na parte de product manager mesmo, é… Na época eu já era cliente do Nubank, né, tenho um amigo que me falou: olha, tem essa solução aqui pra financial services que é legal. Eu adorei o produto e quando eu vi a vaga de product management tava descrita de um jeito que eu tinha visto lá nos EUA, mas nunca tinha visto na Latino América, eu falei: opa, isso aqui tá interessante, e aí enfim, fui falar com o Rio, e pouco tempo depois eu já estava trabalhando no Nubank e é isso aí.
A: E quando é que tu entrou no Nubank?
G: Setembro de 2015.
A: E o MBA que tu fez no EUA foi aonde?
G: No MIT.
A: Muito bom! É…Bom, acho que tem vários pontos interessantes aí da tua trajetória, mas sem dúvida nenhuma eu acho que esse último é justamente um dos pontos mais curiosos, assim, que é… Enfim, MBA no MIT, MIT é uma universidade super… Bem renomada, super bem reconhecida, e eu acho que é… Não sei se é sonho, mas desejo de muita gente de ter um MBA numa universidade com o carimbo de um MIT, por exemplo. E… E o que que tu aprendeu nesses… São 2 anos de MBA?
G: É… Então, tem alguns programas, mas o programa que eu fiz era de 2 anos.
A: Legal! E o que que tu aprendeu, o que que tu traz aí até hoje, o que que isso te ajuda hoje como product manager? Enfim…
G: Eu acho que… Eu acho que o MBA é uma boa… Nossa nem sei como se fala em português, em espanhol se fala pincelada. Existe?
A: Pincelada? Um overview, assim?
G: Um overview, assim… De um monte de coisa que eu acho que não vai se… Que não só é interessante pra o trabalho do product manager, mas eu acho que é interessante pra várias funções. Então, eu acho que as coisas que eu aprendi foram coisas muito de leadership, bastante de comunicação, eu sou uma pessoa tímida, então pra mim falar pra várias pessoas… Tipo, fazer o que a gente está fazendo agora é de fato bem difícil, e eu aprendi algumas técnicas que de fato eu aprendi lá, tá? Acho que consegui entender, por exemplo, alguns, é… Dimensões de uma empresa e consegui avaliar essa empresa, é uma coisa que eu também aprendi por lá. Uma outra coisa que eu aprendi, que eu acho que… Bom, tem várias escolas que fazem isso, mas o MIT especificamente é bem forte, é a parte olhar uma tecnologia e transformar ela num produto, tá? E aí tem algumas aulas que a gente faz junto com algumas faculdades que não são do MBA. Então junta pessoas que estão estudando business, com pessoas que não são do business, pra tentar montar um business plan de uma coisa que em teoria a pessoa que inventou isso nem sabe pra que que inventou, né? Então assim, é super legal e acho que são uma das aulas que eu mais lembro que eu fiquei bem empolgada mesmo, tá?
A: Legal! E tu chegou a ter alguma aula com algum professor desse super-renomado aí, que escreve livro e etc.?
G: É… Olha, sim, não vou falar qual porque eu sou péssima com nomes, mas de fato tive uma aula com o professor de Data Model for Revision que é… Era o cara que escreveu o livro e fez a teoria e tipo: ah! Maravilhoso, assim…
A: Muito legal! É… Uma outra coisa que eu escuto falar muito de MBA também é o networking que você cria no MBA, né, dado que enfim, a capacidade das pessoas que tão lá, os lugares que elas vão depois do MBA e etc. Isso é uma coisa que tu realmente usa isso hoje? Tu ainda tem acesso? Tu ainda tem contato com essas pessoas? Enfim, como é que isso funciona pra ti?
G: É, bom… Agora que você tá falando eu pensei também em outra coisa que me ajudou o MBA… Eu sou péssima, tipo gente… Péssima pra fazer network, sou muito ruim, small talk, sabe? Tudo aquilo, então… No MBA te ensinam a fazer isso, você não acredita como te ensinam a fazer isso, então não que eu seja boa agora, mas já não sou aquela pessoa que de fato odeia, né, então acho que ok. Então, falando disso, eu não uso muito, porém eu tenho… Eu quando preciso ou putz, eu quero… Vamos lá, pesquisar uma coisa x, ou entrar em contato com alguma empresa pra entender um benchmark de, vou chutar aqui, costumer service, tá… Eu procuro no meu network pra ver quem que em teoria eu conheço que poderia me ajudar, então isso de fato é valioso. Agora falando… Respondendo tuas perguntas, eu tô lembrando mais de algumas coisas, uma outra coisa que o MBA te ajuda muito, que acho que para o próprio PM é bem interessante, é a parte de trabalhar com pessoas de diferentes backgrounds e de diferentes funções. Tipo, você é forçado a num grupo, intensamente, trabalhar com uma pessoa que vem de finance, com uma pessoa vem de… É um desenvolvedor, com outra pessoa que vem de sales, com outra pessoa… Tipo, e a gente de fato a fazer a coisa acontecer e isso eu acho que… Bom, enfim… Eu vejo aqui no Nubank, pelo menos, no dia a dia você precisa muito, o PM é a pessoa que… O connection point de várias funções pra fazer as coisas acontecerem. Então, acho que isso é bem valioso no MBA.
A: Legal! Bom, eu acho que tu já respondeu algumas coisas dessa próxima pergunta nessa última resposta, mas, é… E eu sei que pode ser um pouco enviesado da onde que tu fez o MBA e tá aqui hoje como PM, mas tu recomendaria pra pessoas que querem seguir a carreira de product manager eventualmente, ir atrás de um MBA? Ou pra ti tipo… E tem empresas que super valorizam… Valorizam bastante isso, tem empresas que nem tanto… Na tua visão, enfim, o que que tu enxerga disso?
G: Opa! Que pergunta difícil! Tá? Eu acho que não precisa fazer o MBA, tá? Não sei se essa era a resposta que você tava esperando, mas eu acho que não, não precisa, eu acho que ajuda, mas ajuda pra a vida. Hoje eu trabalho como product manager, amanhã eu posso fazer outra coisa. Então… E mesmo… Bom, e mesmo como product manager, não acho que precise 100%, acho que tem coisas que ajuda, então tudo aquelas coisas que eu falei de trabalhar com equipes multidisciplinares, comunicação, contatos na hora de ajudar por exemplo, com benchmark e outra coisa, é… Negociação… Bom, se a gente só falar disso eu posso ficar duas horas falando de coisas que eu aprendi, mas eu acho que também na prática você pode aprender muitas delas. Mas eu faria de novo se tivesse que fazer, então não tem uma resposta… Acho que não tem nem certo e nem errado. E pra product manager eu acho que tem pessoas que vem de backgrounds muito diferentes, que eu conheço hoje e que fazem um trabalho maravilhoso, nunca fizeram e nem pensam em fazer MBA e está tudo bem. Eu acho que isso não deveria nem ser uma polêmica, eu já vi pessoas discutindo, mas não, acho que não precisa.
A: Muito bom! Bom… Falando agora um pouquinho do teu papel hoje aqui no Nubank, né, e tu… Enfim, é umas da products leads aqui da Nubank, e tu hoje lidera aí vários times e muitos desses times eles têm um papel de… Mais técnico, né, são PMs com um papel mais técnico, e comumente se chama esse tipo de PM de Technical Porduct Manager, apesar de que aqui no Nubank a gente nem usa tanto esse termo especificamente, mas enfim, o que que é esse Technical Product Manager? O que que esse PM tem de diferente?
G: Eu acho que pra responder essa pergunta, o que a gente tem primeiro que falar é que o Technical Product Manager é um Product Manager, tá? Então, nesse sentido as dimensões desse PM são as mesmas que a de um PM geral que a gente trabalha no dia a dia, tá? Que é entender muito bem o cliente, quais que são as necessidades do cliente, quais que são os painpoints, quais que são os levers, né, ao mesmo tempo a gente entender que métricas está mexendo ao ponto de ver como isso se conecta com o business, e acho que o terceiro ponto é conseguir de fato fazer o time se mexer, tipo… Velocidade, né, é fazer as coisas acontecerem e desbloquear o time, tá? Pra mim essas são as coisas, e isso aconteça seja um PM mais técnico, que a gente está atendendo a chamar de Technical Product Manager, ou um PM mais pra produtos mais consumer face, tá? Então, eu vejo essa separação. Agora a gente, hoje no Nubank, ainda está working in progress do que é um technical product manager, mas essencialmente a gente entendeu que pra algumas equipes, pra alguns produtos precisa muitas vezes de um conhecimento e um domínio técnico prévio pra conseguir construir uma missão de produto e ajudar o time a ir pra frente. E isso é uma coisa que a gente está começando a trazer.
A: E assim, acho que só pra deixar isso um pouco mais palpável, né, que tipo de produto esse PM lidera?
G: Essa é uma boa pergunta! Então, por exemplo, vamos supor que o produto que você está construindo é uma plataforma pra data scientist ou business analyst montarem data sets , tá? Como que a gente faz isso? Então, a gente tem nossos micros serviços, tem nossos serviços com base de dados, a gente tem que pegar todos os logs desses serviços e colocar de algum jeito numa base de dados maior, né, e todo esse processo pra deixar que os times criem os data sets e depois também, ao mesmo tempo, coloquem todas as informações numa base de dados analítica, é uma coisa que a gente pode considerar como produto porque tem um usuário, um cliente que no caso é um cliente interno, tá? A gente poderia só fazer trazendo uma pessoa que ajuda a fazer a gestão desse projeto, que é super válido e é muito importante fazer essa gestão desse projeto, mas ao mesmo tempo se você pensa isso mais como uma plataforma, você precisa de uma pessoa pensando com a cabeça de produto, tá? De como escalar isso, quais que são as métricas que eu vou mexer, como conecto isso com meu business? Então por isso que a gente precisa de um PM que tem esse conhecimento técnico, que já tenha passado por essas dores pra conseguir criar essa visão de produto e essa estratégia. E por isso que a gente tá começando a chamar isso de um technical product manager.
A: Entendi, então assim, em resumo, me corrige se eu estiver enganado aqui, é um PM que o produto dele, beleza, é um produto mais técnico por definição, o usuário normalmente não é um usuário padrão que é o cliente final, ele é um usuário de dentro da empresa, então ele basicamente tá criando um produto pra, sei lá… Enable um outro time aqui dentro construir alguma outra coisa que daí eventualmente isso vai ser produto pro cliente final.
G: É isso mesmo. Então outro exemplo, produtos que a gente cria pra que a engenharia seja mais produtiva. A gente faz alguns deles dentro de casa. Isso aí idealmente vai ter um product manager que já tinha trabalhado como engenheiro e tenha passado por essas dores. Outro exemplo, a gente está repensando toda a parte de acessos de clientes, desculpa, não clientes, de Nubankers e também de algumas pessoas que trabalham externos, tá? Acessa os dados, por exemplo, qual que é a tua função? Em que equipe você está, né? Então já é matricial, e ao mesmo tempo em que região do mundo você está. Isso são várias dimensões que há um tempo a gente não tinha. Pra você desenhar isso conceitualmente dá pra fazer sem você ter esse background, mas de fato criar uma estratégia mais de longo prazo é mais fácil, e poderia ficar melhor se você já tem esse background mais técnico.
A: Bom, eu acho que até pegar um gancho nisso, né, de uma coisa que eu vejo muito, cada vez mais aumentando a necessidade desse tipo de profissional, né, então é uma coisa que… Sei lá… Há 2, 3 anos atrás se escutava muito pouco falar disso, tá certo que a gente escutava muito pouco até falar de product manager de uma forma geral, mas cada vez mais eu tenho escutado falar em technical product manager, enfim, product manager com esse background mais técnico de uma forma geral. Eu acho que tá pegando o teu histórico de Nubank aí, de 5 anos de Nubank, provavelmente o mais de início eu não tava aqui nesse início, mas todo mundo fazia um pouco de tudo, e agora a gente tem especializado cada vez mais essas coisas e tem uma necessidade cada vez maior por pessoas nesse perfil. Por que que tu acha que isso tá acontecendo com o mercado de uma forma geral? E talvez mesmo não generalizando isso, quando olha pra dentro do Nubank, por que que tu acha que cada vez mais a gente tá tendo necessidade desse tipo de PM?
G: Eu acho que tá sendo cada vez mais necessário porque a gente precisa produtimizar equipes que não passado, e até agora também, algumas equipes não estão trabalhando como o produto, tá? A gente precisa que elas cresçam de um jeito eficientesm usando a tecnologiam e pra isso precisam começar a deep diving quem é o cliente dessas tecnologias que estão sendo criadas nessas equipes, né, e ao mesmo tempo fazer um trabalho de trade off, de novo, muito link com qual que é a necessidade do business, tá? Então essas equipes que no passado só tinham engenheiros, eles.. Essas equipes começaram a crescer e conseguiram crescer até um ponto, e chega um ponto, não tô falando só do Nubank, provavelmente em outras organizações também, onde pra dar o próximo passo, tanto em eficiência, você pode falar de custos, pode falar de… Dependendo do domínio, puts, de ficar menos vulneráveis a vazamentos de informações, por exemplo, o outro, dependendo do domínio, você precisa de uma pessoa de fato focada em isso, só focada em entender a dor do cliente e ajudar a equipe a desenhar uma solução, pensando numa visão de produto. Então nesse caso… E aí tá, enfim, não sei como cada empresa tá fazendo, mas pelo menos no nosso caso a gente tá entendendo que precisa cada vez mais desses profiles um pouco mais técnicos pra esses times, que são mais horizontais, é onde a maioria das vezes o cliente é o cliente interno.
A: E eu acho que, genericamente falando né, não falando só no caso de Nubank, mas acho toda essa coisa que tem sido criada em volta aí de plataforma, por exemplo, e cada vez isso tem sido mais estratégia, que eu acho que até que com tecnologias como machine learning e IA, whatever, isso também tem aumentado um pouco a demanda por esse tipo de perfil em algum sentido, assim, né, pelo menos pelo que eu tenho visto, assim, não sei se tu concorda?
G: Eu concordo, acho que pelo menos dentro do Nubank a palavra plataforma tá sendo um buzzword assim ridículo, né? Tá todo mundo na pensada de plataformas, se faz sentido. Eu acho que a diferença é que a gente tá pensando em plataformas pra tudo, onde não necessariamente pra algumas delas precisa ser de um domínio técnico, mas pra aquelas que são bem mais cor, infraestrutura e tal, de fato precisa desse domínio.
A: E eu acho que é como tu falou, né, acho talvez anteriormente a gente olhava mais com um olhar de tipo: ah, plataforma é um negócio de engenharia, eles têm que fazer isso aqui e ponto, e hoje eu acho que você já vê isso com um olhar muito mais estratégico que é super importante pro business, que isso funcione super bem e que atenda, né, que realmente vale isso como um produto e que vai atender as necessidade de fato de cliente interno, não é só construir por construir aquele negócio, não basta só ter performance, ter sei lá o que, tipo realmente tem que ter características que vá atender o negócio ao longo do tempo, né?
G: É, pois é…
A: Enfim, eu acho que daí dentro desse ponto eu acho que naturalmente pela quantidade de demanda que tem em cima desse perfil, é um perfil super difícil de encontrar e de contratar, talvez por questões de raridade ou talvez por questões de especialidade que a gente precisa dessa pessoa e tal, é uma coisa hoje que tem sido muito difícil contratar pessoas nessa linha. E… Que características que tu vê nesses technical product managers?
G: Bom, a gente falou bastante do conhecimento mais específico do domínio, então, acho que isso já ficou mais claro, mesmo assim eu disclaimer que não em todas as equipes horizontais e não em todas as equipes onde o cliente interno… O cliente desse produto é o cliente interno, vai precisar desse domínio, mas em várias sim, né.? É… Mas eu acho que tem um outro ponto que é muito importante que é valorizar o cliente interno. Eu vejo muito, eu entendo por que também, tá? Sem julgamentos! Eu vejo muito que os PMs querem trabalhar em produtos pro cliente final e tudo bem! É muito mais difícil encontrar uma pessoa apaixonada pelo cliente interno, e eu acho que isso faz toda a diferença, porque senão você vai ser infeliz no seu trabalho, você vai tá no dia a dia tendo que entender a profundidade… Um cliente que não é o cliente que você de fato quer olha, né? No meu caso, eu entrei no Nubank pra trabalhar em produtos internos, eu cheguei aqui pra trabalhar em produto pra operação, eu tentei durante esse tempo entender em profundidade o cliente que é as pessoas que fazem o atendimento… Sentava com ele, sentava literalmente do mesmo lado, escutava ligações, até eu mesma fiz atendimento de ligações, chat e tal… Entender também quais que são as dores não só com a ferramenta, mas também as dores do dia a dia deles. Até o ponto que eu me apaixonei pela equipe dos experience, que a chama, eu acho que são mas eu acho que são o coração do Nubank, eu adoro isso. Então, eu acho que essa paixão pela cliente interno, seja no caso que eu falei, o exemplo, o experience, ou seja pela engenharia pra como a gente faz plug mais rápidos, como… Ou por exemplo, se for um design, como a gente consegue criar uma plataforma pra eles desenharem de um jeito padrão e rápido ter os módulos, fazer AB test de um jeito mais simples, enfim. Acho que essa dimensão de o cliente é o cliente interno e está tudo bem, é ainda mais do que isso, eu gosto de trabalhar com o cliente interno é uma coisa que é muito difícil de achar. Então a gente tá falando de pessoas que têm cabeça de produto, que tem um background mais técnico, um domínio específico, e ao mesmo tempo que goste mmuito de trabalhar com o cliente interno, e isso é muito difícil de achar.
A: Entendi! Bom, tu falou de background mais técnico aqui, isso quer dizer que a grande maioria das pessoas que trabalham nesses times têm background de desenvolvimento, engenharia ou qualquer coisa nesse sentido, ou tem um mix disso, enfim, como é que é?
G: A gente hoje tem um mix, tá? A gente hoje também tá nesse processo de construção do que que é esse technical product manager, a gente tem algumas pessoas que hoje estão nesse papel e que tem esse background técnico, e tem outras que estão no processo. Então a gente tá muito entendo o que que faz sentido e o que não faz, então, pode ser algumas pessoas que iam fazer essa função mais técnica, não tinham o background e então foram pra outro time. Ou ao contrário, pessoas que não têm o background técnico, também já tem um caso pelo menos, porém essa pessoa ficou apaixonada por esse domínio técnico e começou a entrar em uma profundidade absurda e adicionar muito valor no time. Então eu vejo que é mais fácil ao contrário, tá? Que é você ter esse background técnico, vem cá que a gente trabalha juntos pra que você seja esse product manager, ao contrário eu vejo mais difícil, porém não impossível.
A: Legal! E de novo também, tu já me deu uma pincelada nisso algumas vezes aqui, mas qual que é a principal diferença que tu vê de um PM mais customer facing, que tá olhando mais pra cliente final, desse PM mais técnico que tá olhando pra um cliente mais interno?
G: Diferenças você fala em background? Ou diferenças no dia a dia? Ou as duas?
A: Diferença mais no dia a dia mesmo… Do papel desse PM, né?
G: Então, esse PM tem que de fato entrar em profundidade na tecnologia e na solução. Só que a solução é uma solução técnica, tá, então os insights que esse PM vai trazer pro time pra pensar, pro desenho da solução, vão ser mais técnicos. E aí não tem jeito, o PM tem que entrar, tem que entrar, mesmo assim, não é fazer uma coisa muito genérica, assim, não! Não tô falando que as pessoas do vertical façam uma… Tragam insights genéricos, tô falando que é mais fácil usar o senso comum em alguns casos, e no caso do PM que tá nos domínios mais técnicos não tem como fugir, tem que de fato entender em profundida seja a tecnologia, seja puts: deixa eu ver essa especificação pra entender… Puts… Ah, agora tô entendendo porque a engenharia está tendo essa dor, faz sentido, sabe? Não tem como fugir.
A: E tu fala de entrar em profundidade, eu consigo ver duas óticas nisso, né, uma no sentido de… A gente pensar na solução que a gente tá dando pra aquele problema, e daí a pergunta que eu faço é: quando tu fala em entrar em profundidade é realmente discutir com engenharia como que a gente vai resolver, como é que vai ser a arquitetura? Ou é meramente entender pra conseguir se comunicar bem, né? Tipo, são duas dimensões diferentes… Daí responde essa e depois eu faço a segunda pergunta.
G: Tá bom! Legal! Então, da primeira, eu acho que não, que não é pra construir com eles a arquitetura, tá… Eu acho que isso, hoje, pelo menos no que a gente entende esse é o papel da engenharia, tá? Não que alguns PMs não façam, tá? Mas esse é o papel da engenharia, é construir… Como de fato os detalhes da implementação, mas no caso do domínio mais técnico, o problema que a gente quer resolver é um problema técnico, então, pra você entender o problema você tem que aprofundar na parte da tecnologia, não tem como você, por exemplo, pensar num jeito de, vamos supor, vou trazer outro exemplo, de gestão de secrets, você não pode desenhar uma solução ou entender quais que são os problemas de gestão de secrets, sem de fato entrar em profundidade pra entender, o que que é um secret? O que que é um token? Sabe? O que que é um certificado? Não tem como fugir, senão o que que você vai desenhar?
A: Entendi! Que era justamente essa a segunda parte da minha pergunta, então… Quando tu fala de ter mais técnico e de se aprofundar na tecnicidade da coisa é porque o teu cliente é técnico e tu precisa, pra entender o domínio do problema, tu precisa entender disso senão tu não consegue entender o problema.
G: É isso mesmo.
A: E eu acho que um dos grandes desafios que eu vejo hoje nesse universo de PM, de uma forma geral, é que toda a hora tem discussão em cima disso, toda a hora eu vejo discussões em lugares diferentes, é justamente dado essas características todas que a gente comentou aqui, do problema que esse PM resolve, do escopo que ele tá… Etc etc… Como que eu meço o sucesso desse PM? Porque naturalmente quando a gente fala de sucesso de PM normalmente a resposta é padrão, e eu falo muito isso também, é: cara, você tem que impactar a métrica de negócio. Então, você tem que impactar, sei lá, aquisição de cliente, receita, é… Sei lá, qualquer outra coisa que vai tá no core do business. Dado que esses PMs normalmente estão trabalhando com times que eles são enablers, pra outros times conseguirem impactar essas métricas, como que a gente mede sucesso desses PMs? E tá extrapolando desses times, né?
G: Vamos lá! Eu acho que os times têm que fazer um esforço por definir de fato as métricas que eles tão mexendo, então eu tô falando o nível time, tá? Bom, se for por exemplo um time de infraestrutura vai ter as próprias métricas, se for um time de data ter as próprias, e assim por diante… que é uma coisa que eu tô… Dá um tempinho já vendo também tem outras. Porém, o jeito que eu consigo pensar nisso é um pouco mais alto nível, eu vejo que esse PM está tendo sucesso no time técnico se ele consegue criar uma lição de produto compiling. Se esse PM está fazendo mais project management que product management, acho que ele não conseguiu crossing esse breach, né, e não conseguiu entrar em profundidade e entender o problema em profundidade, ou com a profundidade suficiente pra desenhar uma visão de produto, e ficou na parte mais de project management, nada disclaimer, nada contra os project management, eu profundamente acho que é uma função muito importante, tá, só que o PM tem um overlap, mas não é essa a função do PM, o do PM é de fato entender quais que são as dores e desenhar uma solução, mas uma solução escalável, entendendo os trends e entendendo pra onde está indo esse problema e as tecnologias. Se esse PM não conseguir fazer isso, faz mais o que o time da engenharia fala que é pra fazer, então esse PM não está tendo sucesso como product manager nessa equipe técnica. Pra mim esse é um jeito meio que um termômetro, pra entender se tá tendo sucesso. Tô tentando ir além da métrica, tá? A métrica vai ser a métrica que o time tiver dependendo do contexto, mas como PM, se esse PM está tendo sucesso como esse profissional, eu acho que pra mim é mais isso, não é uma métrica é um behavior, não sei como falar, não sei se dá pra entender.
A: Claro! E agora tipo, tentando fazer disso tudo, eu acho que pelo teu aprendizado aqui dentro, enfim, dentro do Nubank, todo esse tempo aí liderando esses times mais técnicos etc., quando que tu acha que faz sentido pra uma empresa pensar em especializar um time de PMs mais técnico? E daí eventualmente a gente tá fazendo um paralelo de quando isso começou a fazer sentido pro Nubank, e que dicas tu daria pra alguém que tá começando a criar esse time?
G: Nossa, que pergunta difícil! É… Ah… Não sei, eu acho que tô falando pergunta difícil porque de fato eu não sei responder. Mas eu tô vendo que no Nubank isso está começando uma… Ou começou a ser uma necessidade há uns 2 anos mais ou menos, e chutando, tá? Onde de fato a gente começou a entender que os times tinham que pensar mais em produto e na plataforma, tô falando daqueles times mais técnicos, tá? Aí que já faz sentido, incialmente você poderia trazer uma pessoa pra organizar mais o trabalho, que poderia ser mais tipo product management, mas quando você vê que já é plataforma, produto, acho que faz sentido já tentar trazer um profile mais de edição de produto. Agora, como começar com isso? Eu acho que a primeira coisa é um alinhamento interno, que by the way, no Nubank não tem sido tão fácil, porque têm pessoas que têm um pensamento diferente, e isso é super válido, né? Então até a gente chegar num consenso de sim, queremos os PMs pra times mais horizontais, esse job description, é assim que a gente chamar, tem passado um tempo e ainda é work in progress tá? Então eu acho que isso é importante… Mas eu acho que o que eu faria, agora mirando retrospecto, seria trazer pessoas que venham do domínio específico e treinar elas em product management, eu acho que isso de repente tem… Dá mais certo do que tentar fazer ao contrário. Isso assim, meu… Não sei se é meu lesson learned mas é o que eu acho que faz… A gente teria mais sucesso se tivesse uma empresa.
A: E quando tu fala de domínio, é tipo: ah, eu preciso de alguém pra fraude, ou então alguém que… Pega alguém que entenda muito bem de fraude, ou quando eu vou pegar alguém de atendimento, por exemplo, um produto pra atendimento, alguém que eventualmente veio desse cenário de atendimento, é isso que tu quer dizer com domínio?
G: Então, sim, isso que é um domínio, quando eu tô falando domínio eu tô falando disso, porém não acho que eu me focaria nos times que de fato o domínio é bem específico e difícil de entender se você não tem esse conhecimento muito específico. Então no caso de costumer service, eu acho que ainda uma pessoa com… Não tendo tanta experiência consiga entender, porque já passou por uma situação… Fez atendimento ou a pessoa… Alguém recebeu um atendimento de alguém, mas uma pessoa que nunca mexeu AWS, por exemplo, na vida, começar a desenhar uma estratégia em torno dessa ferramenta, eu acho que é muito difícil. Por exemplo, tô dando mais um exemplo, então… É… Nesses casos o que eu acho que daria mais… Ou faz mais sentido, é trazer uma pessoa com essa experiência, por exemplo, uma pessoa da engenharia que tem interesse, que já demonstra que tem interesse mais na parte de estratégia de produto, trazer pra dentro e treinar, ou ensinar essa pessoa mais nas técnicas de product management… Eu acho que isso faz mais sentido isso que eu faria retrospecto, tô dando um exemplo X inventado, mas poderia ser qualquer outro.
A: E talvez outras coisas um pouquinho mais práticas e que eu vejo… Não vejo ainda uma unicidade, assim, de mercado de que vais pegar uma opinião, quando a gente fala de technical product managers, eu vejo às vezes respondendo pra engenharia e às vezes respondendo pra produto. Qual que é a tua visão sobre isso?
G: Então, eu acho que é uma resposta difícil, eu acho que vai depender de cada empresa, eu acho que no caso do Nubank a gente se beneficia muito de ter… Responder pra produto, mas tem que ter um acompanhamento muito próximo, quase que 50/50 com a engenharia, porque de fato o PM trabalha no dia a dia mais com as pessoas da engenharia que com o teu repports, a pessoa que você reporta de produto, sabe? Pelo menos numa estrutura inicial, de não ter uma estrutura muito grande, muito se… Já bem estruturada, bem pensada do technical product manager, eu não sei como vai ser no futuro, agora a gente ainda tem poucas pessoas que tem essa função. Então dado isso, ainda precisa de um suporte da equipe de produto, né? Mas eventualmente no futuro poderia ser diferente, mas eu acho que hoje essa sinergia de produto, mas tá muito próximo no dia a dia com o VP da engenharia ou com… Enfim… Eu acho que é uma sinergia muito boa.
A: Basicamente, como se… Quase como se tivesse uma estrutura matricial, assim, onde você tá dentro de um dia a dia de produto, por exemplo, onde a gente tem um líder de produto, mas também tem alguém de engenharia, que talvez não seja esse líder formal que vai te demitir, contratar, dá aumento, etc. mas que tá ali no teu dia a dia te guiando de alguma forma também.
G: É, um dos principais responders que hoje eu tenho, por exemplo.
A: Legal! E também, assim, por tudo que tu falou e pelo que eu conheço obviamente, mas é um processo seletivo completamente diferente, né? De quando eu tô fazendo um processo seletivo de técnico ou product manager, né, é mais customer facing, ele tem diferenças? Até que parte é igual? Até que parte começa a ficar diferente? Enfim…
G: É um processo diferente, porém as etapas são as mesmas, então a gente tem uma front screen, uma primeira conversa, depois tem uma techinical interview, depois tem um case e geralmente eu tenho uma última conversa com uma pessoa que potencialmente seria teu manager, tá? Isso assim, em termos muito gerais. Só que dentro de cada etapa os elementos são um pouco diferentes, então no caso da techinical interview de fato é uma entrevista onde não só tem um PM, mas também tem um engenheiro do time onde provavelmente você trabalharia fazendo perguntas que são específicas do domínio, tá? O case também é um pouco diferente, a gente… A gente tem algumas partes tipo da arquitetura e tal, então é um pouco diferente, e a conversa final vai do caso, acho que aí depende de que coisas a gente quer olhar um pouquinho mais ou não, mas eu acho que essas são as diferenças. Você não… Não pode ser de outro jeito, a gente entendeu o que precisa… Essa pessoa precisa muito da engenharia, não que outros PMs não precisam, óbvio que precisam! Mas acho que esso coisa de domain specifics faz com que se você desde o início não tem o da engenharia depois pra frente fique muito muito difícil.
A: Entendi! E pra não deixar de fazer o jabá aqui, Nubank tá contratando, certo?
G: Sim. Estamos contratando.
A: E quem tiver interessante, como é que faz pra se candidatar?
G: Me manda um email! Não! Acho que tem a vaga aberta, tem que ter, então é só entrar no site do Nubank, na parte de careers, tem as especificações e aí enfim, se aplicar e é isso.
A: Show de bola! Vamos pro bate bola?
G: Vamos, eu não sei o que que é, mas vamos lá!
A: Uma ferramenta de trabalho indispensável pra ti?
G: O Google docs.
A: E qual que é o teu principal hack de gestão de tempo?
G: Pra mim, eu me bloqueio uma hora e meia todos os dias de manhã, é essencial, eu consigo me preparar pras reuniões que vão ter durante o dia, responder o slack, fazer a documentação que precisa fazer, pensar… De fato, esse negócio de estar indo de reunião em reunião, de um prédio pro outro, no final a gente não consegue parar e pensar, e precisa muito, eu tenho um filho de um ano e meio em casa, e aí então eu não posso chegar no final do dia pra casa e aí abrir o computador, e aí fazer as apresentações, e aí… Então eu preciso de um tempo clean pra fazer isso. E de manhã funciona muito bem pra mim.
A: O que que você tá lendo agora?
G: O que que tô lendo agora? Vamos lá… Eu acho que você está esperando que fale super livros de product manager, e na verdade não. Então, o que que eu estou lendo… Tô lendo um livro de criança, eu acho que isso aqui é pra falar 3 horas, né, eu sou apaixonada… Eu me apaixonei pelo negócio de bebês, de filhos e crianças, então eu tô lendo um livro que o nome dele é Raising Kids, é sobre a vida emocional de bebês homens, de filhos homens, então, na minha família só tem quase mulheres e eu não tinha ideia do que que era ter um menino. Então eu preciso entender todo esse negócio de… Qual que é a diferença com meninas, e como eu dou… Educo emocionalmente a um menino. Então, eu tô me preparando pra isso e estudando, então, esse é um dos livros que eu tô lendo. E o outro livro que eu tenho agora, agora que eu tô lendo, é sobre Data Warehouses Toolkit.
A: Muito obrigado! E quais são os três livros que tu recomendaria pra qualquer PM?
G: Olha, você tá pensando que eu sou uma pessoa que já leu tudo, né? Eu não li quase nada de product management. Então tem um que eu gosto muito, que é o Product Leadership, depois posso passar o nome, mas acredito que você deve conhecer também, tá, ele é muito bom é bem curtinho, fala sobre o que significa ser um PM que lidera outros PMs, que eu acho que isso também ajuda muito. Tem um outro que eu sempre recomendo que é, acho que a tradução em português é o Monge e o Executivo, que tem me ajudado muito na minha vida e não tem a ver necessariamente com product management, mas eu acho que ajuda muito porque no final do product manager lidera mesmo assim pessoas, mesmo que não formalmente em alguns casos, mas lidera pessoas. E esse negócio de entender que a pessoa que lidera, na verdade está ajudando, tá trabalhando pras pessoas, e não que as pessoas que você lidera trabalham pra você, é uma coisa que pra mim é fundamental, então, esse seria um outro que eu recomendaria. E o último seria bom, que agora todo mundo tá falando porque o autor morreu, mas eu já li tem um tempo e acho que também fez bastante mudança, pra mim foi How to find you mission in life, ele é fantástico, não tem a ver com product management, mas esse negócio de fato definir quais que são os valores da tua vida te ajudam depois em um monte de coisa.
A: Quais são as tuas fontes de informação sobre produto?
G: Pessoas, falar com pessoas. Eu não tenho uma dica de escutar um podcast. Tem tudo da Intercom que é muito bom, tá? Eu acho que eles são sensacionais. Então, quando eu tenho alguma dúvida, ou alguma coisa que quero assim: ah, mas o que que era? É missão de produto mesmo? Tipo, assim, sabe? Vou pra lá. Mas além disso, eu acho que falar com pessoas, eu falo muito, porque product managing é uma coisa que tem muita dimensões, então, também, por exemplo, enfim… Eu já bati um papo com você de: olha, o que que você pensa desse caminho pra leadership com essas pessoas que de repente não tô conseguindo fazer isso e tarará… Pra mim as pessoas são essenciais.
A: Muito legal! Quem te inspirou?
G: Uau! Tem que ter uma pessoa que inspirou? Eu acho que no meu caso é um chefe que eu tive há muito tempo, não vou falar quem nem onde, porque senão vai ficar claro pra algumas pessoas quem que é, mas é uma pessoa que me falou uma vez que tipo de profissional você quer ser, a pessoa que sai na foto ou a pessoa que faz as coisas… Ele me fez pensar muito bem em essa diferença, não que… As duas coisas são super importantes, mas que tipo de pessoa eu queria ser, tá? Isso me inspirou muito depois pra outras coisas que eu fiz na minha vida.
A: O que que é um bom PM pra ti?
G: Um PM, eu meio que aquilo que eu falei, né, entender profundamente… A pessoa que entende profundamente quem é o cliente, a pessoa que entende quais que são as métricas que vai mexer e conseguir criar essa visão de produto, conseguir convencer as pessoas e ao mesmo tempo conseguir fazer o time se mexer e ir pra frente. Tipo, tudo bem, uma visão maravilhosa com métricas e tal, mas se na prática não conseguir entregar nada com o time, então tipo, não serviu muito.
A: Execução, né? Capacidade de execução. Acho que não só ter visão, mas como é que você executa isso. E o que que é um bom produto pra ti?
G: Um bom produto pra mim seria uma coisa que você faz parte da tua vida a um ponto que você esquece o problema original que você tinha. Tipo, por exemplo, vou tá meio enviesada com o que eu vou falar, mas acho que a Uber é um produto fantástico. Eu já não lembro mais que, por exemplo, pra ir ao aeroporto antes eu tinha que ligar pra um transfer na noite anterior, isso pra mim é uma demonstração que é um produto muito bom.
A: Acho que com certeza nesses anos todos aí de experiência profissional, desde enfim, faculdade, MBA e enfim, empreendendo, trabalhando, etc etc… Tu desenvolveu algum aprendizado que te guia sempre, eventualmente tu passa isso pra frente de alguma forma, que aprendizado foi esse?
G: Nossa que filosófico. Acho que não tem um assim, eu sou muito… Bom, eu já falei que tenho 35 anos, aqui no Nubank não sei se sou nova ou não, mas eu sinto que sou uma pessoa muito nova, então não tem muito aprendizado assim pra passar, mas eu acho que esse negócio de se conhecer. Eu queria trazer esse ponto, eu acho que fazer esse exercício de quem que você é, que é bem doloroso, tá? Que coisas são importantes pra você? Um pouquinho back to, aquele livro que eu falei de how to find your mission in life acho que é uma coisa que tem me ajudado ao longo do tempo. Quando você tem que tomar uma decisão, seja… Por exemplo: ah, eu vou ir morar no Brasil, ou por exemplo eu vou morar num outro país, ou por exemplo, sei lá, ah, eu vou pra esse time, ou eu vou ter um filho agora, sabe? Coisas fundamentais, eu acho que tem que ter a capacidade de voltar pra quem eu sou e o que é importante pra mim é muito importante, ainda mais quando você trabalha em empresas que tão indo muito rápido, crescendo muito, é fácil se deixar levar e não tipo… Mas pera aí, o que que você de fato quer? O que que você de fato é? Eu acho que isso é muito importante.
A: Muito bom! Muito obrigado!
G: Imagina! Obrigada pelo Invite e foi.. Adorei!
A: Bom, foi um prazer conversar contigo, é um prazer trabalhar contigo no dia a dia, agora que eu consegui falar contigo aqui no podcast também. Pra quem quiser escutar esses e outros podcasts, tá disponível enfim… Google Podcasts, Apple Podcasts, Spotify, whatever, enfim… Todas as plataformas, é só seguir por lá, muito obrigado, Obrigado Gabi!
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